Fic - Palavras ao Vento - cap. 55
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Fic - Palavras ao Vento - cap. 55
Capítulo inteiro. Espero que gostem
Capítulo 55
Antes mesmo de entrar em casa Isa se assustou com um barulho ensurdecedor de uma batida de automóvel. Sentiu um aperto no coração ao pensar em Julia, que tinha ido embora quase cantando pneus. Confiante na prudência da namorada ao volante, abriu a porta ainda trêmula de raiva e pelo susto. Seu reflexo ágil a impediu de ser atropelada pelos parentes dos noivos, que curiosos queriam ver algo do ocorrido, afinal a batida certamente tinha sido feia.
- Você viu alguma coisa, Isa? Espero que não tenha morrido ninguém - disse dona Fátima, a primeira a passar por ela apressada.
- Não vi nada. Acabei de chegar e também me assustei. Espero que não tenha acontecido nada grave.
Os curiosos foram averiguar o local do acidente, mas Isa entrou e foi direto para o seu quarto. Só queria deitar e esquecer o que tinha acontecido. Já estava se sentindo mal ao pensar que talvez Julia tivesse razão.
Observou a mãe dormindo em sua cama e Bianca que ainda estava acordada, mas não disse nada para ela. As crianças também dormiam. Foi até o banheiro e colocou seu pijama tentando não fazer muito barulho, pois não queria acordar ninguém. Escovou os dentes e logo em seguida saiu do banheiro deixando sua roupa em cima de uma cadeira, e se deitou ao lado de Bianca no outro colchão.
Algumas horas depois, acordou com Mari e Matheus a chamando.
- Isa.
Ela abriu os olhos e viu seus amigos agachados perto dela.
- Isa levanta precisamos conversar com você - disse Matheus. – Estamos lhe esperando na sala - disse baixinho já saindo do quarto, para não acordar o restante das pessoas.
O olhar triste estampado no rosto de Matheus e Mari fez o medo se apossar do coração de Isa. Se o casamento fosse cancelado, Mari não a perdoaria, pois saberia que no coração dele o sentimento não tinha mudado. Sentou, respirou fundo, se levantou, calçou os chinelos e pulou por cima de sua irmã que estava rindo.
- Está rindo de que? - perguntou Isa.
- Nada. - respondeu Bianca, acompanhando com o olhar a irmã saindo do quarto.
Matheus estava sentado ao lado de Mari segurando sua mão, e conversavam quase sussurrando um com o outro. Isa os viu, mas optou por ir até a cozinha, atraída pelo cheiro de café fresco. Foi pegar um pouco. O relógio na parede da cozinha marcava cinco horas da manhã. Tomou um gole e voltou para a sala.
Ao sentar na frente dos dois, notou que Mari tinha chorado, e que algumas furtivas lagrimas, insistiam em traçar um percurso em seu rosto. A intuição que seu coração sentiu no momento do acidente, teve sua confirmação.
- O que aconteceu gente? Falem. Não me deixem nervosa. Para me acordarem a esta hora, algo grave tem que ter acontecido.
Matheus pigarreou porque a voz teimava em não sair, e olhou para Mari na vã esperança de que ela conseguisse dar a noticia.
- Isabel aconteceu um acidente com a Julia - Matheus falou sem rodeios.
Ao ouvir as palavras sentidas de Matheus, se lembrou do som horrível daquela batida. O copo caiu de sua mão quase lhe queimando as pernas com o liquido quente, mas não chegou a quebrar.
Isa voltou a si e olhou para Matheus e Mari, que já estavam a seu lado. Ambos segurando-lhe as mãos. Não conteve as lágrimas que jorraram abundantes por seus olhos.
- Ela morreu? - foi a única coisa que conseguiu perguntar.
- Não - respondeu Mari com a voz entrecortada.
- O estado dela é grave - completou o marido da Vanessa.
- A culpa é minha... - repetia Isa incessantemente.
- Não é culpa sua - falou Mari sentando ao lado dela e a abraçando. – Pega água com açúcar - pediu ao noivo.
Isa estava muito nervosa, e seu corpo trêmulo refletia isso.
- É minha culpa. Ela foi embora brava comigo. Ouvi a batida, e sei que não foi muito longe daqui - falou entre soluços sentidos. - Eu quero ir para o hospital. Quero ficar com ela. Por favor, Mari me leva pra junto dela. Se acontecer algo com ela, eu morro também.
- Toma um pouco dessa água pra te acalmar um pouco. Eu e Matheus te levamos.
Isa sorveu o liquido adocicado, sem sequer sentir seu gosto que se misturava às suas lagrimas. Levantou-se com a ajuda de Mari, que a levou até o quarto para se trocar.
– Más noticias maninha? – Bianca sarcasticamente disse.
Em um momento de fúria, Isa foi para cima de Bianca, socando-lhe a cara. Bateu muito, e só parou ao ouvir o grito de sua mãe. A irmã não tentou se defender em nenhum minuto.
Ao focar a visão em Bianca, notou o sangue escorrendo-lhe pelo rosto. Tentou levar as mãos ao rosto, mas suas mãos também estavam ensanguentadas. O anel acabou machucando sua irmã. Em desespero interno, Isa se agachou no chão e chorou mais ainda.
- Filha o que está acontecendo com você? Eu não estou te reconhecendo mais - indagou preocupada.
- É porque sua filhinha aí, virou sapatão! - gritou Bianca se levantando para lavar o rosto.
Isa sentou sobre as pernas e totalmente abatida começou a falar.
- A Julia sofreu um acidente mãe. Não posso perder a mulher que eu amo - confirmou o que Bianca tinha gritado para a casa toda ouvir. – Me desculpe por ser assim - abaixou a cabeça, mas sem deixar de falar. – Não posso mais lhe esconder isso, mãe. Se quiser brigar comigo depois, tudo bem, mas preciso da senhora. Não me vire as costas neste momento - suplicou com voz sentida.
Marta olhou para Mari e Matheus que estavam de pé ao lado de Isa. Voltou o olhar de novo para sua filha que continuava na mesma posição. Olhou para os lados, e viu o quarto cheio de gente. No fundo sempre soube que sua filha não era como as outras meninas.
- Ela é uma menina boa. Eu teria muito orgulho de tê-la como filha - disse Dona Fátima.
Marta se ajoelhou, ergueu a cabeça da filha ternamente e olhando em seus olhos disse: - Eu te amo, filha. Só quero que seja feliz com quem for – a abraçou forte, permitindo que suas lágrimas se juntassem às de sua filha.
Não teve uma pessoa dentro daquele quarto, que não se emocionou com aquela mãe, que poderia ter tido a mesma atitude de sua filha Bianca, mas aceitou Isa com todo o seu amor de mãe.
Mas como nem tudo na vida é perfeito, a mãe do Matheus não viu a confissão de Isa com bons olhos. Seu alivio era saber que agora sua nora era outra. Internamente deu graças a Deus por isso.
0 Casamento de Mari e Matheus estava marcado para as dez horas no civil. A cerimônia religiosa às dezenove horas. Não tinha como desmarcar porque estava tudo pronto.
Era para o ser o dia mais feliz na vida de Mari, mas já estava começando sem clima algum para casamento. Afinal, as madrinhas de ambos certamente não compareceriam. Tinha ganhado o dia de noiva de Isa, e não poderia deixar de ir também, porque sua amiga já estava pagando esse presente há meses. A cabeça de Mari estava a mil.
Enquanto Matheus pensava no destino. Ele era o condenado a morte, e que estava com os dias contados. Julia tinha a vida toda pela frente, e agora poderia ir antes dele. Sem hesitação começou a orar pela vida de sua amiga. Estava sofrendo muito, porque gostava demais de Julia, mesmo ela tendo lhe roubado Isa. Nem isso o fez deixar de gostar dela.
Mari teve que interromper aquele momento de mãe e filha, pois elas tinham que ir para o hospital.
- Isa, eu já peguei uma roupa pra você. Vai querer tomar banho?
- Sim - foi o que respondeu, levantando-se com a ajuda de sua mãe.
Pegou a roupa das mãos da amiga e se encaminhou para o banheiro, permitindo que suas lágrimas se misturassem à água que lhe lavava o corpo. O sentimento de culpa era agora o seu feroz algoz. Quando saiu do banho, só Mari estava no quarto esperando-a. Sentiu por estar estragando o dia mais feliz de sua melhor amiga.
- Se fosse possível adiar eu adiaria. Como posso ficar feliz sabendo que você está sofrendo, e que a Julia está mal?
- Mari, eu sinto muito por estar acontecendo tudo isso no dia do seu casamento. Se eu não fosse uma pessoa tão egoísta e insegura nada disso estaria acontecendo. Sabe qual foi a última coisa que Julia disse pra mim? - indagou como se a amiga pudesse ler seus pensamentos naquele instante. – “Você não está pronta para ter um amor do tamanho do meu” - confessou chorosa. – Queria que fosse especial, sonhou com o nosso momento, mas a minha impaciência a julgou antes mesmo de saber o que ela tinha sonhado. E se eu não puder mais falar com ela, Mari?
- Calma. Vamos para o hospital. Pode ser que já esteja melhor, e aí poderá se desculpar.
- Ela não está melhor. Estou sentindo - disse e saiu do quarto. – Espero você lá fora.
- Já estou saindo - respondeu Mari enquanto tentava encontrar sua bolsa no meio da baderna em que seu quarto estava. Antes de sair deu uma olhada em seu vestido de noiva e respirou tristemente.
Vinte minutos depois, Isa, Mari e Matheus entravam no saguão da clinica de Julia. Isa correu para a recepção e perguntou onde Júlia estava.
- A senhorita é parente da Dra. Julia? - indagou a recepcionista.
- Não, não sou.
- Então sinto muito. Não posso dar nenhuma informação.
- Queridinha, está vendo essa linda garota? Ela é a namorada da Dra. Julia. Será que isso a qualifica para entrar? - questionou Mari fulminando a recepcionista. Odiava essas burocracias hospitalares.
Mesmo assim a garota permaneceu irredutível, deixando claro em seu olhar que não acreditava em nada do que a ruiva tinha dito.
- Tudo bem, minha filha - Mari falou entre dentes.
- Alô.
- Vanessa é a Mari. Escuta, estamos aqui em baixo e a recepcionista está dificultando as coisas. Já disse que a Isabel é a namorada, mas pra ela não é família - as palavras fluíram tendo a conotação irada que mereciam.
- Passe o celular para a moça - pediu Vanessa.
- Alguém quer falar contigo, senhorita! - Mari com um ar de desafio estampado na face, entregou o celular para a recepcionista.
- Com quem eu falo?
- Cíntia.
- Cíntia, deixe essas pessoas subirem. Espero que isso não se repita novamente.
- Desculpe dona Vanessa. Não irá.
- E agora? Podemos subir? - perguntou Mari irritada.
- Sim. A Dra. Julia está no 6º andar. Na UTI.
Isa quase desmaiou ao ouvir a palavra UTI, e foi amparada por Matheus. O elevador chegou rápido e em poucos segundos estavam no 6ºandar.
Caminharam pelo corredor até encontrarem o marido de Vanessa encostado na porta de uma sala. Apertaram o passo se aproximando dele, que estava com o filho no colo.
Todos se cumprimentaram e entraram. Vanessa rezava em um pequeno altar, construído no canto da sala de espera. Tinha algumas pessoas, mas todos desconhecidos. Apenas Isa se aproximou de Van para rezar junto de sua amiga. Vanessa segurou forte em sua mão, e continuou rezando. Isa também iniciou suas preces.
Mari e Matheus procuraram se informar do estado de Julia, e as noticias não foram nada animadoras.
Vanessa segurou Isa pela mão, levando-a a um lugar onde pudessem se sentar lado a lado.
- Isabel, não vou lhe esconder nada. O estado de Julia é extremamente delicado. Quebrou algumas costelas, o braço direito, mas o pior foi a contusão na cabeça que causou um coágulo bem significativo. Se não diminuir, terão que operá-la. Está respirando através de aparelhos. Quando o resgate chegou já estava inconsciente, e não acordou ainda. Essas primeiras horas são as mais perigosas.
À medida que Vanessa ia lhe informando o estado de Julia, Isa parou de ouvir, observava a boca de Vanessa se mexendo, mas só conseguia sentir as lágrimas escorrendo por seu rosto. E o sentimento de culpa castigou-lhe ainda mais o coração. Lembrava de Julia cantando pra ela, e em seguida, suas ultimas palavras ecoando por sua cabeça a todo o momento.
-Vanessa, posso vê-la, mesmo que seja por um minuto? Quero que ela sinta que estou perto dela.
- Vou conversar com os médicos para ver se te deixam entrar.
- Preciso muito vê-la, Vanessa. Ajude-me, por favor.
Matheus se aproximou e sentou ao lado de Isa, a envolvendo em um abraço confortador. Não podia fazer mais do que isso. E apesar de ser um homem de muita fé, estava com medo. A sala a cada momento ficava mais cheia.
Uma vozinha despertou Isa de seus pensamentos.
-Tia Isa a minha dinda vai ficar boa, não vai? - perguntou Julio já subindo no colo dela.
- Vai sim, Julinho. Ela vai ficar boa - disse tentando transmitir a segurança e certeza, que não possuía, ao pequeno que também estava com os olhinhos cheios de lágrimas.
Vanessa apareceu e chamou Isa.
- Matheus e Mari cuidem dele. Julio, vou entrar para ver sua dinda. Quer que eu diga alguma coisa pra ela? - perguntou para o menino que segurava em sua mão.
- Fala para ela ficar boa e que estou com saudade.
- Falo sim - depositou um beijo na cabecinha do menino, que se aconchegava no meio de Matheus e Mari.
Isa acompanhou Vanessa que a levou para uma sala onde teve que colocar uma capa, touca, luvas, pois entraria na UTI.
Depois de receberem todas as recomendações feitas pelas enfermeiras, do que podia ou não ser feito, e do tempo que lhes seria permitido ficar, saíram da sala. Seguiram as enfermeiras que caminhavam apressadas pelo corredor.
A cada passo, sentia o desejo de que tudo não passasse de mais uma das brincadeiras de Julia. Que ao chegar perto dela, ouvisse que tudo foi apenas para castigá-la por ser egoísta. Mas ao chegar à sala, viu Julia através do vidro, ligada a aparelhos, ela que horas atrás estava cheia de vida, e agora estava assim. Não se conteve e chorou demais ao ver seu amor naquele estado. A deixaram chorar e quando se recuperou um pouco abriram a porta para ela entrar.
- Entre Isa - disse Vanessa. – Eu não tenho forças para entrar novamente. Não posso te acompanhar.
Isa respirou profundamente, tirou força de algum lugar e entrou.
Capítulo 55
Antes mesmo de entrar em casa Isa se assustou com um barulho ensurdecedor de uma batida de automóvel. Sentiu um aperto no coração ao pensar em Julia, que tinha ido embora quase cantando pneus. Confiante na prudência da namorada ao volante, abriu a porta ainda trêmula de raiva e pelo susto. Seu reflexo ágil a impediu de ser atropelada pelos parentes dos noivos, que curiosos queriam ver algo do ocorrido, afinal a batida certamente tinha sido feia.
- Você viu alguma coisa, Isa? Espero que não tenha morrido ninguém - disse dona Fátima, a primeira a passar por ela apressada.
- Não vi nada. Acabei de chegar e também me assustei. Espero que não tenha acontecido nada grave.
Os curiosos foram averiguar o local do acidente, mas Isa entrou e foi direto para o seu quarto. Só queria deitar e esquecer o que tinha acontecido. Já estava se sentindo mal ao pensar que talvez Julia tivesse razão.
Observou a mãe dormindo em sua cama e Bianca que ainda estava acordada, mas não disse nada para ela. As crianças também dormiam. Foi até o banheiro e colocou seu pijama tentando não fazer muito barulho, pois não queria acordar ninguém. Escovou os dentes e logo em seguida saiu do banheiro deixando sua roupa em cima de uma cadeira, e se deitou ao lado de Bianca no outro colchão.
Algumas horas depois, acordou com Mari e Matheus a chamando.
- Isa.
Ela abriu os olhos e viu seus amigos agachados perto dela.
- Isa levanta precisamos conversar com você - disse Matheus. – Estamos lhe esperando na sala - disse baixinho já saindo do quarto, para não acordar o restante das pessoas.
O olhar triste estampado no rosto de Matheus e Mari fez o medo se apossar do coração de Isa. Se o casamento fosse cancelado, Mari não a perdoaria, pois saberia que no coração dele o sentimento não tinha mudado. Sentou, respirou fundo, se levantou, calçou os chinelos e pulou por cima de sua irmã que estava rindo.
- Está rindo de que? - perguntou Isa.
- Nada. - respondeu Bianca, acompanhando com o olhar a irmã saindo do quarto.
Matheus estava sentado ao lado de Mari segurando sua mão, e conversavam quase sussurrando um com o outro. Isa os viu, mas optou por ir até a cozinha, atraída pelo cheiro de café fresco. Foi pegar um pouco. O relógio na parede da cozinha marcava cinco horas da manhã. Tomou um gole e voltou para a sala.
Ao sentar na frente dos dois, notou que Mari tinha chorado, e que algumas furtivas lagrimas, insistiam em traçar um percurso em seu rosto. A intuição que seu coração sentiu no momento do acidente, teve sua confirmação.
- O que aconteceu gente? Falem. Não me deixem nervosa. Para me acordarem a esta hora, algo grave tem que ter acontecido.
Matheus pigarreou porque a voz teimava em não sair, e olhou para Mari na vã esperança de que ela conseguisse dar a noticia.
- Isabel aconteceu um acidente com a Julia - Matheus falou sem rodeios.
Ao ouvir as palavras sentidas de Matheus, se lembrou do som horrível daquela batida. O copo caiu de sua mão quase lhe queimando as pernas com o liquido quente, mas não chegou a quebrar.
Isa voltou a si e olhou para Matheus e Mari, que já estavam a seu lado. Ambos segurando-lhe as mãos. Não conteve as lágrimas que jorraram abundantes por seus olhos.
- Ela morreu? - foi a única coisa que conseguiu perguntar.
- Não - respondeu Mari com a voz entrecortada.
- O estado dela é grave - completou o marido da Vanessa.
- A culpa é minha... - repetia Isa incessantemente.
- Não é culpa sua - falou Mari sentando ao lado dela e a abraçando. – Pega água com açúcar - pediu ao noivo.
Isa estava muito nervosa, e seu corpo trêmulo refletia isso.
- É minha culpa. Ela foi embora brava comigo. Ouvi a batida, e sei que não foi muito longe daqui - falou entre soluços sentidos. - Eu quero ir para o hospital. Quero ficar com ela. Por favor, Mari me leva pra junto dela. Se acontecer algo com ela, eu morro também.
- Toma um pouco dessa água pra te acalmar um pouco. Eu e Matheus te levamos.
Isa sorveu o liquido adocicado, sem sequer sentir seu gosto que se misturava às suas lagrimas. Levantou-se com a ajuda de Mari, que a levou até o quarto para se trocar.
– Más noticias maninha? – Bianca sarcasticamente disse.
Em um momento de fúria, Isa foi para cima de Bianca, socando-lhe a cara. Bateu muito, e só parou ao ouvir o grito de sua mãe. A irmã não tentou se defender em nenhum minuto.
Ao focar a visão em Bianca, notou o sangue escorrendo-lhe pelo rosto. Tentou levar as mãos ao rosto, mas suas mãos também estavam ensanguentadas. O anel acabou machucando sua irmã. Em desespero interno, Isa se agachou no chão e chorou mais ainda.
- Filha o que está acontecendo com você? Eu não estou te reconhecendo mais - indagou preocupada.
- É porque sua filhinha aí, virou sapatão! - gritou Bianca se levantando para lavar o rosto.
Isa sentou sobre as pernas e totalmente abatida começou a falar.
- A Julia sofreu um acidente mãe. Não posso perder a mulher que eu amo - confirmou o que Bianca tinha gritado para a casa toda ouvir. – Me desculpe por ser assim - abaixou a cabeça, mas sem deixar de falar. – Não posso mais lhe esconder isso, mãe. Se quiser brigar comigo depois, tudo bem, mas preciso da senhora. Não me vire as costas neste momento - suplicou com voz sentida.
Marta olhou para Mari e Matheus que estavam de pé ao lado de Isa. Voltou o olhar de novo para sua filha que continuava na mesma posição. Olhou para os lados, e viu o quarto cheio de gente. No fundo sempre soube que sua filha não era como as outras meninas.
- Ela é uma menina boa. Eu teria muito orgulho de tê-la como filha - disse Dona Fátima.
Marta se ajoelhou, ergueu a cabeça da filha ternamente e olhando em seus olhos disse: - Eu te amo, filha. Só quero que seja feliz com quem for – a abraçou forte, permitindo que suas lágrimas se juntassem às de sua filha.
Não teve uma pessoa dentro daquele quarto, que não se emocionou com aquela mãe, que poderia ter tido a mesma atitude de sua filha Bianca, mas aceitou Isa com todo o seu amor de mãe.
Mas como nem tudo na vida é perfeito, a mãe do Matheus não viu a confissão de Isa com bons olhos. Seu alivio era saber que agora sua nora era outra. Internamente deu graças a Deus por isso.
0 Casamento de Mari e Matheus estava marcado para as dez horas no civil. A cerimônia religiosa às dezenove horas. Não tinha como desmarcar porque estava tudo pronto.
Era para o ser o dia mais feliz na vida de Mari, mas já estava começando sem clima algum para casamento. Afinal, as madrinhas de ambos certamente não compareceriam. Tinha ganhado o dia de noiva de Isa, e não poderia deixar de ir também, porque sua amiga já estava pagando esse presente há meses. A cabeça de Mari estava a mil.
Enquanto Matheus pensava no destino. Ele era o condenado a morte, e que estava com os dias contados. Julia tinha a vida toda pela frente, e agora poderia ir antes dele. Sem hesitação começou a orar pela vida de sua amiga. Estava sofrendo muito, porque gostava demais de Julia, mesmo ela tendo lhe roubado Isa. Nem isso o fez deixar de gostar dela.
Mari teve que interromper aquele momento de mãe e filha, pois elas tinham que ir para o hospital.
- Isa, eu já peguei uma roupa pra você. Vai querer tomar banho?
- Sim - foi o que respondeu, levantando-se com a ajuda de sua mãe.
Pegou a roupa das mãos da amiga e se encaminhou para o banheiro, permitindo que suas lágrimas se misturassem à água que lhe lavava o corpo. O sentimento de culpa era agora o seu feroz algoz. Quando saiu do banho, só Mari estava no quarto esperando-a. Sentiu por estar estragando o dia mais feliz de sua melhor amiga.
- Se fosse possível adiar eu adiaria. Como posso ficar feliz sabendo que você está sofrendo, e que a Julia está mal?
- Mari, eu sinto muito por estar acontecendo tudo isso no dia do seu casamento. Se eu não fosse uma pessoa tão egoísta e insegura nada disso estaria acontecendo. Sabe qual foi a última coisa que Julia disse pra mim? - indagou como se a amiga pudesse ler seus pensamentos naquele instante. – “Você não está pronta para ter um amor do tamanho do meu” - confessou chorosa. – Queria que fosse especial, sonhou com o nosso momento, mas a minha impaciência a julgou antes mesmo de saber o que ela tinha sonhado. E se eu não puder mais falar com ela, Mari?
- Calma. Vamos para o hospital. Pode ser que já esteja melhor, e aí poderá se desculpar.
- Ela não está melhor. Estou sentindo - disse e saiu do quarto. – Espero você lá fora.
- Já estou saindo - respondeu Mari enquanto tentava encontrar sua bolsa no meio da baderna em que seu quarto estava. Antes de sair deu uma olhada em seu vestido de noiva e respirou tristemente.
Vinte minutos depois, Isa, Mari e Matheus entravam no saguão da clinica de Julia. Isa correu para a recepção e perguntou onde Júlia estava.
- A senhorita é parente da Dra. Julia? - indagou a recepcionista.
- Não, não sou.
- Então sinto muito. Não posso dar nenhuma informação.
- Queridinha, está vendo essa linda garota? Ela é a namorada da Dra. Julia. Será que isso a qualifica para entrar? - questionou Mari fulminando a recepcionista. Odiava essas burocracias hospitalares.
Mesmo assim a garota permaneceu irredutível, deixando claro em seu olhar que não acreditava em nada do que a ruiva tinha dito.
- Tudo bem, minha filha - Mari falou entre dentes.
- Alô.
- Vanessa é a Mari. Escuta, estamos aqui em baixo e a recepcionista está dificultando as coisas. Já disse que a Isabel é a namorada, mas pra ela não é família - as palavras fluíram tendo a conotação irada que mereciam.
- Passe o celular para a moça - pediu Vanessa.
- Alguém quer falar contigo, senhorita! - Mari com um ar de desafio estampado na face, entregou o celular para a recepcionista.
- Com quem eu falo?
- Cíntia.
- Cíntia, deixe essas pessoas subirem. Espero que isso não se repita novamente.
- Desculpe dona Vanessa. Não irá.
- E agora? Podemos subir? - perguntou Mari irritada.
- Sim. A Dra. Julia está no 6º andar. Na UTI.
Isa quase desmaiou ao ouvir a palavra UTI, e foi amparada por Matheus. O elevador chegou rápido e em poucos segundos estavam no 6ºandar.
Caminharam pelo corredor até encontrarem o marido de Vanessa encostado na porta de uma sala. Apertaram o passo se aproximando dele, que estava com o filho no colo.
Todos se cumprimentaram e entraram. Vanessa rezava em um pequeno altar, construído no canto da sala de espera. Tinha algumas pessoas, mas todos desconhecidos. Apenas Isa se aproximou de Van para rezar junto de sua amiga. Vanessa segurou forte em sua mão, e continuou rezando. Isa também iniciou suas preces.
Mari e Matheus procuraram se informar do estado de Julia, e as noticias não foram nada animadoras.
Vanessa segurou Isa pela mão, levando-a a um lugar onde pudessem se sentar lado a lado.
- Isabel, não vou lhe esconder nada. O estado de Julia é extremamente delicado. Quebrou algumas costelas, o braço direito, mas o pior foi a contusão na cabeça que causou um coágulo bem significativo. Se não diminuir, terão que operá-la. Está respirando através de aparelhos. Quando o resgate chegou já estava inconsciente, e não acordou ainda. Essas primeiras horas são as mais perigosas.
À medida que Vanessa ia lhe informando o estado de Julia, Isa parou de ouvir, observava a boca de Vanessa se mexendo, mas só conseguia sentir as lágrimas escorrendo por seu rosto. E o sentimento de culpa castigou-lhe ainda mais o coração. Lembrava de Julia cantando pra ela, e em seguida, suas ultimas palavras ecoando por sua cabeça a todo o momento.
-Vanessa, posso vê-la, mesmo que seja por um minuto? Quero que ela sinta que estou perto dela.
- Vou conversar com os médicos para ver se te deixam entrar.
- Preciso muito vê-la, Vanessa. Ajude-me, por favor.
Matheus se aproximou e sentou ao lado de Isa, a envolvendo em um abraço confortador. Não podia fazer mais do que isso. E apesar de ser um homem de muita fé, estava com medo. A sala a cada momento ficava mais cheia.
Uma vozinha despertou Isa de seus pensamentos.
-Tia Isa a minha dinda vai ficar boa, não vai? - perguntou Julio já subindo no colo dela.
- Vai sim, Julinho. Ela vai ficar boa - disse tentando transmitir a segurança e certeza, que não possuía, ao pequeno que também estava com os olhinhos cheios de lágrimas.
Vanessa apareceu e chamou Isa.
- Matheus e Mari cuidem dele. Julio, vou entrar para ver sua dinda. Quer que eu diga alguma coisa pra ela? - perguntou para o menino que segurava em sua mão.
- Fala para ela ficar boa e que estou com saudade.
- Falo sim - depositou um beijo na cabecinha do menino, que se aconchegava no meio de Matheus e Mari.
Isa acompanhou Vanessa que a levou para uma sala onde teve que colocar uma capa, touca, luvas, pois entraria na UTI.
Depois de receberem todas as recomendações feitas pelas enfermeiras, do que podia ou não ser feito, e do tempo que lhes seria permitido ficar, saíram da sala. Seguiram as enfermeiras que caminhavam apressadas pelo corredor.
A cada passo, sentia o desejo de que tudo não passasse de mais uma das brincadeiras de Julia. Que ao chegar perto dela, ouvisse que tudo foi apenas para castigá-la por ser egoísta. Mas ao chegar à sala, viu Julia através do vidro, ligada a aparelhos, ela que horas atrás estava cheia de vida, e agora estava assim. Não se conteve e chorou demais ao ver seu amor naquele estado. A deixaram chorar e quando se recuperou um pouco abriram a porta para ela entrar.
- Entre Isa - disse Vanessa. – Eu não tenho forças para entrar novamente. Não posso te acompanhar.
Isa respirou profundamente, tirou força de algum lugar e entrou.
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