Palavras ao vento - Cap. 10 ao 12
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Palavras ao vento - Cap. 10 ao 12
Capítulo 10
Isa veio calada da casa de Vanessa. No caminho relembrava tudo o que tinha acontecido naquele quarto. Tentando entender a atitude de Julia. Para quem só queria me levar para cama, recusar um beijo que daria, sem ela ter que me chantagear, foi até uma atitude nobre da parte dela... não sei o que se passou comigo naquele momento, a circunstância pedia, então eu acho que não iria me arrepender, seria um beijo sem sentimento algum.
- Isa está tudo bem? Você está tão quieta.
- Está tudo bem. Estou a fim de sair um pouco?
- Então vamos.
Julia chegando em casa se trancou no quarto e ficou ali até à noite. Acordou disposta a esclarecer tudo com Hérica.
Quando chegou na sala encontrou Hérica vestida com o vestido que ela mais gostava, dando seu toque especial na mesa do jantar. Havia preparado um jantar inesquecível. Todos os seus sentidos ficaram inebriados com o perfume adocicado que dela exalava.
- Baby, você acordou bem na hora do jantar.
- Eu não estou com fome.
- Eu não posso acreditar que vai me deixar comer sozinha! Passei horas preparando nosso jantar. Sei que você quer respostas e darei se você jantar comigo...
- Nada é de graça com você. Tudo bem, eu janto.
- Baby, você não vai jantar assim de qualquer jeito, nosso jantar é especial, vamos comemorar minha volta.
- Eu não tenho nada o que comemorar, disse indo para o seu quarto. Trocar de roupa.
Matheus e Isabel foram conversando até a praia. Sentaram-se em um banco. A noite estava linda, a Lua cheia banhava o mar, as estrelas brilhavam e o vento soprava calmamente agradando a todos, que estavam nas ruas. As lojas já estavam repletas de luzes e enfeites de Natal.
- Matheus, só agora vendo os enfeites é que estou me dando conta que o Natal está chegando.
- Está sim, meu anjo. A nossa cidade está linda, o prefeito mandou fazer uma árvore de 5 metros. Todos os moradores tiveram que ajudar a montar. O seu pai era o mais animado, quando terminou não acreditamos que fizemos aquela imensa árvore. Você precisa ver. E na noite que foi acesa, teve festa, fogos de artifícios. Eu estava perto de seu pai, ele até chorou. Disse que nunca tinha visto uma árvore tão linda... Eu falei e aquelas que vimos na televisão? Ele disse que não era igual, era bonita, mas quando colocamos um pouco de nós por mais simples que fosse ficava especial. Sua mãe abraçou seu pai e os dois ficaram assim até o final da queima dos fogos.
Observei os dois e nos imaginei, depois de anos casados, você me abraçando com tanto carinho, como sua mãe abraçou seu pai. Eu fiquei emocionado. Olhei para os meus pais, bem distante um do outro, meu pai bebendo com os caras e minha mãe sozinha olhando os fogos. Fui até ela e a abracei. É só isto que ela precisa e meu pai... bom, deixa para lá.
- Meu pai sempre adorou o Natal. Às vezes acho que passa o ano inteiro esperando pelo Natal. Quando eu era criança, chegava uma época que todo o final da tarde, depois que voltava da roça ele sumia. Eu perguntava para minha mãe onde o pai estava, mas nunca me dizia. Um dia, fiquei escondida e descobri aonde ia e o que fazia. Ficava horas fazendo alguns brinquedos para minha irmã e para mim. Ele não tinha dinheiro para comprar brinquedos para nós, então fazia tudo de madeira. Daquele ano em diante, eu o amei ainda mais, e não mais reclamei dos meus brinquedos, porque eram feitos com tanto amor! Nunca falei para ele que eu sabia. Minha irmã nunca gostou de nada. Revelei que era ele que fazia, mas ela não se importou quando contei. Ele ficava triste, mas acho que minha alegria supria o descaso da minha irmã. E ele acabava ficando feliz porque ao menos uma de nós ele deixava feliz.
- Então, aqueles carrinhos que me dava, eram feitos por ele?
- Eram. Estou com saudades deles, logo que acabar as aulas vou para casa. Estou precisando do colinho de meus pais.
Matheus ficou pensativo olhando para o mar. Isa notou e sabia o que ele deveria estar pensando.
Pegou em sua mão e ele passou o outro braço por cima dos ombros dela trazendo-a para perto.
- Eu estou com medo, Isa.
- Eu não, porque não tem nada. Ela olhou no fundo de seus olhos e o beijou.
O Jantar de Julia e Hérica já estava quase acabando. Hérica estava irresistível. Talvez fosse o vinho, mas Julia estava a ponto de esquecer qualquer conversa e levar Hérica para a cama. Ela tinha o poder de excitá-la só com o olhar.
- Baby, quer mais vinho, perguntou.
- Quero.
- Vamos tomar o restante lá no meu quarto? Perguntou Hérica.
- Vamos beber aqui mesmo. Respondeu Julia.
Hérica chegou bem perto de seu ouvido e questionou: você tem certeza? Vamos, prometo me comportar, venha baby. Ela sabia que falar no ouvido de Julia a deixava cheia de desejo. Uma voz dizia para Julia não ir, mas é claro que ela não ouviu e foi de mãos dadas com Hérica até o quarto, que estava totalmente preparado para uma intensa noite de sexo. A cama estava forrada de pétalas de rosas brancas e vermelhas, velas aromáticas deixavam o quarto mais excitante. Julia sucumbiu aos seus desejos, esqueceu o sofrimento que passou por causa dessa mulher e se entregou a ela.
LUXÚRIA
Corpo perfeito
Abraço quente
Boca carnuda
Olhar intenso
Te desejo
Te sinto
Te abraço
Falo
Sussurro
Provoco
Excito
Conquisto
Chego devagar
Me aposso do seu corpo
Seu gosto
Te escalo
Pego
Domino
Me sacio, delicio
Beijo
Sugo
Mordo
Aperto
Toco
Quero mais
Refaço o caminho
Exploro o proibido
Invado o secreto
Tesão
Prazer
Luxúria
Terremoto
Vulcão
Erupção
Orgasmo
Delírio
Desconexão
Desespero
Desejo
Luz
Gosto
Toque
Calmaria
Descanso
No seu corpo me aqueço
Nos seus lábios me perco
Nos seus braços relaxo
E em seus seios adormeço
Por volta das 22 horas as duas ainda estavam na cama. Hérica estava mais experiente do que antes, e Julia também. O telefone tocou.
- Não atende, Baby deve ser a chata da Vanessa, querendo saber se eu já te comi... Diga que você está uma delicia! Foi bom eu ter dado um tempo, você está como nunca esteve.
- Eu andei praticando muito. Disse Julia sorrindo.
- Quer me deixar com ciúmes? Respondeu Hérica, beijando as coxas de Julia.
- Você nunca teve.
- Você sempre ficava mais excitante depois que me traia.
- Ficava... bom saber... rss. Alô.
- Oi, amiga. Disse Vanessa.
- Oi, Van
Hérica falou ao fundo, acho que vou ganhar a vida como vidente. É impressionante, acho que sinto o cheiro dessa aí.
- Julia eu não acredito! Você já dormiu com ela? Como pode depois de tudo... eu não sei quem é pior se ela ou você. Bom, definitivamente é você, ela é uma vadia mesmo, mas você?!? Pensei que tinha o mínimo de respeito por si mesma, mas não tem.
- Vanessa eu não tenho que ouvir isto, eu que sei da minha vida, se eu tenho respeito ou não é problema meu. Não tenho culpa se você tem uma vidinha perfeita. Cada um tem o que merece.
- Pelo que vejo, você merece tão pouco. Tem razão não tenho nada com sua vida, mas não venha chorar nos meus braços, quando ela te magoar novamente. Umas horas com ela, você muda tanto!
Desculpa por me preocupar contigo, mas é a última vez, Julia. Desligou o telefone.
- Eu falei para não atender, sua amiguinha não entende nossa relação... ela acha que eu só te faço sofrer.
- A Vanessa acha que eu sou uma idiota. Mas não sou. Bom, obrigada pela transa. Foi muito boa, mas estou indo para o meu quarto, já dei o que você queria. Que pena que você voltou tarde demais, ela colocou a mão no coração e disse, eu tive a certeza que não te amo mais, acabou Hérica. Meu coração não te deseja mais, seu corpo me atrai e muito, mas o amor que senti por você, nunca foi verdadeiro. Achei que fosse, mas não passou de uma paixão. E como paixão acaba, você se foi antes de ter virado amor, que pena! Dormi com tantas mulheres e você não é diferente de nenhuma. Sexo eu faço com qualquer uma. Boa noite.
- Julia eu não acredito no que estou ouvindo.
Julia respondeu já saindo do quarto. - Eu não me importo se não acredita. E outra coisa, não precisa me dizer, onde você esteve esse tempo todo. Porque não to interessada. Não vou dizer que foi um erro esta noite, porque não dispenso uma boa transa, mas não espere nada de mim. E vê se encontra outro lugar para ficar, porque eu não costumo abrigar vadias em minha casa.
- Julia, o que aconteceu com você?
- Comigo?!?.... falou e sorriu sarcasticamente. Olha no espelho, e verá o que aconteceu comigo. Me tornei uma cópia melhorada de você, baby... e saiu batendo a porta atrás dela.
Julia entrou no seu quarto e foi direto para o banho, queria tirar o cheiro de Hérica de seu corpo, mas estava feliz, porque descobriu que não sentia mais nada por ela. Tudo o que disse, foi pura verdade. Finalmente tinha se curado dessa doença que atendia pelo nome de HÉRICA.
Isa olhou para o relógio. Este marcava 23:33 da noite. Todos já estavam dormindo, e ela vagava pela casa sem sono. Tentou escrever uma poesia, mas nada saiu. Abriu a janela, ficou olhando o céu, que parecia estar mais estrelado, do que horas atrás. Se estendesse a mão, tinha certeza que poderia tocar o céu e sentir-se mais próxima de Deus. Ficou mais um pouco na janela, até o telefone tocar. Correu para atender pois não queria que todos acordassem.
- Alô. Disse Isa. Sentando-se no braço do sofá.
- Isabel, é você? Perguntou Julia.
- Sou eu, Julia é você?
- Bom eu acho, que ainda sou a Julia... rss.
- Que engraçadinha, rss. E como você está?
- Estou bem, apenas ligando para agradecer o que fez por mim. Eu não merecia, só queria uma noite contigo, e você sabia, não é?
- Desconfiava, porque me olhava de um jeito, que eu me sentia nua... vou confessar que passei 3 dias te odiando, com medo de perder o meu trabalho, depois de nossa discussão na escola. Em 3 dias, a senhorita me fez sentir de tudo, raiva, ódio, medo, confusão, e por último respeito! Naquele momento que não quis me beijar, eu te admirei.
Julia ficou quieta do outro lado da linha.
- Julia, você ainda está aí? Desculpa falei demais...
- Estou aqui, e não falou demais, falou o que sentiu. Hoje eu também disse o que sentia. Tenho mil defeitos, mas hoje senti que deveria ser decente com você e comigo. Obrigada!
Agora tá na hora da princesa ir dormir, senão amanhã ela vai acordar um dragão e vai acabar assustando os seus aluninhos... rss. Beijo Isa durma bem.
- Beijo, vou tentar não acordar um dragão... rsss. Boa noite.
Capítulo 11
Isa ao acordar lembra-se da história do dragão e ri! - Adorei falar com ela ontem à noite. Levantou-se e foi tomar banho.
Matheus e D. Fátima já estavam acordados, com o café pronto, quando Isa apareceu na cozinha.
- Bom dia, filha! Disse D. Fátima.
- Bom dia! Deu um beijo na cabeça de D. Fátima e outro beijo em Matheus. Estava bem feliz naquela manhã.
- Isa, vou sair com você, meus exames estão marcados para as 7 da manhã.
- Você dormiu bem, Matheus? Perguntou sua noiva.
- Dormi. Acordei certa hora achando que o telefone havia tocado, mas como não ouvi nada depois, conclui que deveria estar ouvindo demais.
- Ele tocou sim. Eu atendi. Respondeu Isa.
- Quem era? Perguntou D. Fátima passando manteiga no pão.
- Era a Julia.
- A Dra. Julia? O que ela queria meu amor?
- Essa dra é a mesma que você discutiu na escola, Isa?
Isabel ficou vermelha. Às vezes D. Fátima falava demais. Matheus não sabia que já nos conhecíamos. Julia mentiu e eu não desmenti. Olhou-me com desconfiança, pensando no porque mentimos para ele.
-É a mesma.
- Porque mentiram para mim? Agora estou entendendo a razão de sua hostilidade com a Julia, no sábado. Mas para que fazer isto? Isabel você está cansada de saber que não gosto destas coisas. E discutiram porque? Quis saber o noivo bem irritado, que parou de comer.
- Desculpa Isa, acho que falei demais, eu não sabia.
- Porque não nos entendemos a princípio. Mas agora já somos amigas.
- Não vai me falar. Tudo bem. Mas saiba que estou chateado. Eu já vou indo.
- Não íamos juntos? Falou Isa indo atrás de seu namorado.
- Não vamos mais.
- Que saco! Eu estava tão contente. Vou indo também, não quero chegar atrasada.
Julia já estava indo para a Clínica, quando Hérica a puxou e deu-lhe um beijo bem quente. Não recusou, mas também não sentiu nada.
- Julia eu não tenho para onde ir. Estou com problemas, sem grana. Tive que pagar uma indenização absurda para uma paciente. Cometi um erro, perdi minha licença para clinicar e não sei o que fazer da minha vida. Sei que não presto, mas estou precisando de sua ajuda.
- Pode ficar, mas não pense que vamos voltar. E não precisa ficar me seduzindo para ter comida e um teto para dormir.
- Tudo bem. Obrigada. Continua a mesma idiota de sempre, qualquer besteira que eu invente ela acredita. Eu sem grana?!?... Pensou.
A verdade era que estava fugindo de um bandido internacional. Ele quis mudar o rosto e a contratou, só que não saiu como solicitado. Antes que ele visse o resultado, ela pegou suas coisas e entrou no primeiro avião para o Brasil. Veio se refugiar na casa e nos braços de Julia, que sempre engolia suas mentiras. Era uma atriz nata.
“Se humilhando, porque alguém acostumada a mandar sempre, tratar as pessoas com arrogância, deve ter sido difícil para ela pedir ajuda. Espero que mude”. Julia foi pensando enquanto seguia para a clínica.
Na escola, Isa não foi chamada na diretoria, então pôde relaxar, e dar início à sua aula tranqüilamente.
Julia, ao chegar em seu consultório recebeu apenas um “bom dia” seco de Vanessa, que estava arrumando o consultório do jeito que ela gostava.
- Vanessa podemos conversar?
- Agora você tem paciente para atender, na hora do almoço conversaremos. Precisa de alguma coisa? Porque já vou mandar o seu paciente entrar.
- Preciso que minha melhor amiga me desculpe!
Vanessa ouviu e saiu da sala sem responder nada. Estava muito chateada com Julia.
Enquanto isto, Matheus no ambulatório fazia seus exames. Estava se sentindo tão cansado. No meio da noite sentiu-se muito mal. A sudorese noturna estava se tornando freqüente, passava mais tempo trocando de roupa do que dormindo. A caminho da clínica, começou a pensar no porque reagira daquela forma. Conhecia Isabel, sabia que se ela não dissera nada, porque de fato, não era importante.
O celular de Isa tocou. Estava na sala dos professores, pois era hora do recreio. Saiu da sala e ficou no corredor.
Isabel atendeu. - Oi!
- Meu amor, não se esqueça nunca, que você é a pessoa mais importante do meu mundo. E isto jamais irá mudar em meu coração. Desculpa por ter sido um tolo. Você não disse nada porque não era importante. Conheceram-se em circunstâncias erradas, e o melhor foi ignorar este primeiro contato, que acredito não foi bom para nenhuma das duas. Se são amigas agora, eu fico feliz. Era isto, o que queria dizer, tenho que ir. Beijo.
Matheus desligou sem Isa dizer nada. Ficou encostada na parede lembrando das palavras de seu noivo. Às vezes tinha medo desse amor tão grande que ele sentia, e que não era correspondido na mesma proporção. Ficava triste, porque ele era um cara que qualquer uma gostaria de ter. Com o celular ainda nas mãos, mandou uma mensagem de texto para ele.
“Eu nunca vou esquecer você. Porque está sempre comigo”.
Matheus leu a mensagem e ficou feliz. Já estava na hora de sua consulta com Julia.
- Bom dia Vanessa, você trabalha aqui também, é médica? Você tem uma família linda, adorei o Julio, ele é tão esperto para a idade dele.
- Eu sou a secretária da Julia. Você é muito gentil, minha família é tudo para mim, e o Julio é o meu presente de Deus, às vezes ele me surpreende com suas palavras. Tem horas que é mais sensato, que eu. E a Isabel está bem?
- Está. Porque?
- É que a Hérica falou coisas desagradáveis para ela.
- Não sei quem é esta Hérica, mas se ela ofendeu a Isa, com certeza, não deve ter ficado sem resposta.
- Você não está sabendo. Eu e minha boca enorme. Desculpa falei demais.
- Já ouvi isto hoje, mas não quero me meter nesta história.
- Faz muito bem, eu vou fazer o mesmo. Disse Vanessa se sentando.
Julia levou seu paciente até a porta e viu Matheus conversando com Vanessa. - Oi, Matheus me dá uns 5 minutos. E chamou a amiga.
- Vanessa vai pegar todos os exames do Matheus que estejam prontos. Falou e entrou. Pegou o celular e ligou para sua casa.
- Alô! Quem é? Disse a faxineira.
- Sou eu Julia. Rita, esqueci que você ia limpar o meu ap hoje. A Hérica está em casa?
- Não está dra Julia. Alguém ligou para ela e ficaram conversando por um tempo. A conversa parecia estar bem animada, porque ria muito. Logo depois se arrumou, me deu algumas ordens e saiu.
Julia sentiu a raiva subir em sua cabeça. Aquela vadia, acha que vai me enganar, pois desta vez não vai. Devia estar rindo da idiota aqui.
Vanessa entrou com os exames de Matheus, e notou a cara irritada de Julia. Sabia muito bem o que significava aquilo, mas havia prometido a si mesma, que não se meteria mais na relação dela com aquela coisa. Quando estava saindo, Julia a abordou.
- Vanessa, desmarque todas as minhas consultas, porque estou indo embora. Pegou os exames de Matheus e colocou em sua bolsa.
- Não vai atender nem o Matheus?
- Está ficando surda! Eu disse que vou embora. Marque para outro dia a consulta dele. Mais alguma coisa, Vanessa?
- Não! Respondeu totalmente contrariada com a atitude da amiga.
- Matheus desculpe, surgiu um problema e não posso te atender. A Vanessa vai marcar para outro dia.
Antes que ele pudesse responder Julia, já tinha ido. Foi para o seu apartamento, mas no caminho resolveu não entrar. Ficou umas 3 horas dentro do carro, vigiando para ver que horas Hérica iria aparecer, se chegaria com alguém. Quando estava desistindo de esperar, a viu chegando de táxi, abarrotada de sacolas. Deixou todas com um funcionário do edifício, e caminhou até uma floricultura próxima dali. Entrou, ficou cerca de 15 minutos e quando saiu trazia nos braços algumas flores e rosas. Julia acabou ficando envergonhada por estar vigiando-a. Ela não havia feito nada de errado, apenas tinha ido fazer compras. Será que ela estava tentando mudar? Se estivesse, deveria dar mais um voto de confiança. É isto que iria fazer, apesar de tudo. Ter ficado com Hérica noite passada, só confirmou seus sentimentos. Não sentia quase nada, mas Hérica era ótima na cama. Deu mais um tempo e entrou.
Quando Isa chegou em casa Matheus estava dormindo e não quis acordá-lo. Dona Fátima tinha saído e Mari estava lavando roupa.
- Isa eu estou morta de tanto lavar roupa. Não sei porque deixo juntar tanto. O Matheus já acordou?
- Não!
- A tia Fátima disse que rolou um estresse entre vocês hoje de manhã. Ela ficou chateada, disse que falou demais.
- É que ontem à noite a Julia me ligou. Eu estava acordada e atendi. Matheus comentou que tinha pensado ter ouvido o telefone tocar. Confirmei que havia tocado de fato, e que era Julia. E D. Fátima perguntou se era a mesma com quem eu tinha discutido na escola. Afirmei que sim e Matheus quis saber da história. Disse que tinha mentido para ele, que eu já conhecia a Julia, mas depois me ligou e estamos bem de novo.
- E o que a Julia queria?
- Me agradecer. Ontem eu conheci uma Julia diferente. Não esperava aquela atitude dela, e isso me fez admirá-la. Ela não é a cretina que eu achei. Tenho certeza que seremos boas amigas. Eu sentia tanta raiva dela e no fundo ela não merecia. Confessou-me que só queria me levar para cama.
- E não quer mais? Perguntou Mari estendendo uma camiseta.
- NÃO! Ficamos amigas.
- Sinceramente, eu não acredito muito nisto.
- Eu acredito nela.
- Você nem a conhece. Eu te conheço e sei que você não sai confiando nas pessoas por uma coisa boa que faça. E ela fez muito para você não confiar nela.
- Ela fez sim, coisas que não gostei, mas eu também não deixei que se explicasse, a culpa maior acabou sendo minha. Então, nós duas erramos.
- Eu não vou confiar tanto assim, vou ficar de olho nela, porque você é meio cega, às vezes.
- Faça como quiser. Mari você vai passar o Natal em nossa cidade?
- Vou sim, mas acho que vou depois de você, com o Pedro, quero que ele conheça a minha família. Será que vão gostar dele?
- É claro que sim, ele é um cara muito legal.
- Essa semana temos que ir fazer compras de Natal.
- Vamos sim, Mari.
- Oi, meninas!
- Oi! Disseram as duas ao mesmo tempo, e riram.
- Matheus você está bem? Está tão pálido. O que a Julia falou de seus exames?
- A Julia não me atendeu, surgiu algum problema, e ela foi embora. A Vanessa marcou a minha consulta para sexta-feira.
Caminhou até ele e colocou a mão em sua testa. Ao sentir a temperatura, não teve dúvidas, estava queimando de febre. - Meu querido você está com febre, venha, vamos verificar isso.
Depois de alguns minutos, a confirmação veio. Estava com quase 39 graus de febre.
- Está muito alta disse Mari. A Dra. falou para você tomar alguma coisa, enquanto aguarda o dia de ser examinado por ela, se por acaso continuasse com febre?
- Você vai começar a implicar mesmo com ela. Matheus vou te dar umas gotas de dipirona, e se não passar eu ligo para ela.
Matheus estava concordando com qualquer coisa.
Hérica chegou e foi tomar um longo banho. Quando terminou encontrou Julia sentada na sala vendo tv.
- Baby, o que você está fazendo em casa? Não deveria estar na clínica!
- Deveria, mas estou aqui, falou olhando para a tv, não queria dar muita atenção a ela.
- Eu fui fazer umas comprinhas, desde quando não faz compra? Não tinha quase nada para comer.
Julia pensou “mais de três horas no mercado, é demais”.
- Depois fui comprar uns enfeites novos para enfeitarmos a árvore de Natal, que você ainda não armou. Vai voltar para a clínica?
Julia respondeu que Não!
- Então podemos passar a tarde montando a árvore.
- Hérica, você não disse que estava sem dinheiro?
- Estou, mas ainda tenho uma reserva. Parecia que Hérica sabia que estava sendo vigiada porque contou até do telefonema que recebeu. Era uma amiga de faculdade. Estava mesmo falando a verdade. Não tinha como ser mentira.
- Você já almoçou? Perguntou Julia.
- Não.
Às 19 horas Matheus piorou. Estava suando muito e a febre já o fazia delirar.
- Se sua amiguinha o tivesse atendido hoje de manhã ele poderia não estar assim, o que vamos fazer? É melhor levá-lo para o hospital. Vou ligar para o ponto de táxi.
- Vou trocar a roupa dele.
Meia hora depois os 4 já estavam no Pronto-Socorro. E para completar o desespero delas, estava lotado. Matheus foi atendido depois de 2 horas. A febre já passava dos 40°. O médico que o atendeu passou algumas injeções e uma sessão de soroterapia. Mal olhou na cara de Matheus e disse que era uma virose o que ele tinha.
Já na sala de medicação, com a veia devidamente puncionada, ele estava tranqüilamente recebendo a primeira seqüência soroterápica. Isa deixou Mari com ele um pouco e foi lá para fora. Dona Fátima já tinha ido embora. Encontrou Pedro sentado em um banco na área externa. O segurança não permitiu que ele entrasse.
- Oi, Pedro, ela o abraçou.
- Oi, a Mari me ligou, eu ainda estava no trabalho, e quando cheguei aqui, não me deixaram entrar. Como ele está?
- Não sei, está com muita febre, suando muito, passou o dia febril. Ele não demonstra mas sinto que anda sem ânimo, mesmo estando sempre com aquele sorriso encantador que lhe é próprio. Sinto aqui dentro, que ele não está bem. Julia disse que poderia estar com alguma coisa, e hoje ela não pode atendê-lo. A Mari não quis levá-lo para a Clínica, e viemos para cá.
Pedro você tem o telefone da casa do Carlos? Perguntou Isa, já pegando seu celular para marcar.
- Tenho sim.
- Valeu, Pedro, vou ligar para ela para pedir o número da Julia.
- Alô, disse Julio.
- Julio, é a tia Isa, sua mãe está em casa?
- Está, quer que eu a chame?
- Quero sim.
- Alô!
- Boa noite, Vanessa, é a Isabel. Desculpa estar ligando, é que o Matheus não está bem, eu o trouxe para o Pronto-Socorro. Queria saber se a Julia poderia atendê-lo amanhã, mesmo sabendo que você marcou a nova consulta para sexta-feira. É que ele não está nada bem mesmo.
- Não se preocupe, pode levá-lo cedo que ela o atenderá.
- Obrigada, Vanessa. Tenho que ir. Uma boa noite e desculpa por te amolar a esta hora.
- Até amanhã. Isa ficou com vergonha de pedir o telefone de Julia.
- Boa noite e, fez bem em ter me ligado. Até amanhã.
Depois de terem ficado juntas, continuaram conversando e Hérica resolveu falar sobre o seu sumiço.
- Baby, a dois anos atrás fui embora, porque me envolvi com o Dr. Arthur. Acabei ficando grávida. Como eu ia falar para você que estava tendo um caso com um homem, e ainda tinha ficado grávida? Neste período ele acabou recebendo uma proposta para ir para a Itália. Contei sobre a minha gravidez. Ficou radiante e pediu para que eu fosse com ele. Não vou mentir, eu estava gostando muito dele, e não pensei duas vezes. Vim aqui peguei minhas coisas e fui para a casa dele, e na noite seguinte já estávamos indo para a Itália. Você estava naquele congresso de medicina. E aproveitei para cair fora. (Será que colou esta estorinha?, pensou Hérica)
Julia ouviu tudo calada, chorava por dentro, não acreditando no que estava ouvindo. Traia-me com um homem, e onde está a criança? resolveu perguntar.
Ela ficou pensando, “digo a verdade ou minto?!?”.
- Eu perdi, com 6 meses de gestação.
Tinha tido uma filha de verdade, que deixou com o pai alegando que nunca poderia ser a mãe, que ela merecia ter. Sem apego e sem remorso, deixou a pequena Clara nos braços do pai e saiu sem olhar para trás.
Julia estava para explodir quando o telefone tocou.
- Alô, sua voz era de poucos amigos.
- Julia amanhã chegue mais cedo na clínica, porque marquei a consulta do Matheus para as 7 horas. A Isabel me ligou e disse que ele passou mal o dia todo e, agora à noite o levou para o hospital público.
- E porque ela não o levou para a clínica? Ela lembrou dos exames de Matheus que tinha colocado em sua bolsa.
- Eu não sei, se você não tivesse saído para ir atrás da Hérica, e tivesse atendido ele... mas não me importo com o que faz de sua vida. Era só isto o que eu tinha que te falar. Boa noite.
Julia se levantou da cama deixando Hérica falando sozinha. Não queria mais saber de nada, estava irritada e saiu sem olhar para a cara dela. Foi para o seu quarto ver os exames de Matheus.
- Mãe porque você está brava com a minha madrinha?
- Eu não estou brava com ela, estou chateada.
- E ela tem culpa? Perguntou o menino.
- Não. Julio eu não sei o que seria de mim, sem você. Deu um beijo no filho. E ficou pensando que estava sendo uma completa idiota, foi até o computador e começou a digitar um e-mail para Julia.
“Não posso continuar de tratando mal, seu afilhado com uma palavra me fez sentir uma besta. Você não tem culpa por gostar da Hérica, e como sua amiga tenho que respeitar isto, não posso te proteger, mesmo sabendo que você pode sofrer. Quando precisar de sua amiga, ela vai estar sempre aqui”. Beijo e desculpa.
Julia ao ver o resultado confirmou suas suspeitas. Ficou chateada com o resultado, e decidiu ir para o hospital atrás deles. Tomou um banho rápido e saiu em seguida.
- Baby aonde você vai?
- Vou sair, tenho um encontro.
- Julia você disse que ia me dar outra chance!
- Eu estou dando, só não prometi ser fiel. Não me espere, porque não vou voltar.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo.
- Então comece a acreditar, porque aquela Julia que você conhecia, já não existe mais. Boa noite.
Quinze minutos depois estava no hospital. Encontrou Isa sentada numa cadeira ao lado da maca de Matheus, naquele corredor lotado. Ficou parada olhando aquelas pessoas espalhadas pelo corredor, uns dormindo, e entre eles Matheus, que ressonava serenamente. Isabel lia um livro e nem percebeu a chegada de Julia.
- Isabel! Disse Julia.
Antes mesmo de olhar, o coração de Isa acelerou de uma forma inexplicável. Quis pensar em alguma coisa, na tentativa de fazer seu corpo parar com aquilo. Já que não tinha o que fazer... olhou para Julia ali de pé a seu lado. E seus olhos se encontraram e não pode desviar o olhar daqueles olhos azuis penetrantes, que pareciam tristes.
- Oi.
- Oi.
Antes mesmo de conversarem, Matheus acordou e ficou surpreso com a presença de Julia e com o que viu. Achou estranho como as duas se olhavam. E sentiu ciúmes, porque nunca Isabel olhou daquela forma para ele.
Capítulo 12
- Matheus eu vim ver como você está.
- Tem certeza que veio me ver?
Julia o olhou assustada. Realmente foi para vê-lo, mas não podia deixar de notar a presença de Isa, que era linda. Será que olhou demais para ela, que ele acabou notando? Isa também me olhou não posso levar a culpa sozinha... pensou.
- Eu vim ver você, se eu tivesse lhe atendido hoje de manhã... vou ser sincera, fiquei 3 horas dentro do meu carro, vigiando uma pessoa que não vale a pena. Só perdi o meu tempo, porque ela não fez nada errado.
- Você é ciumenta deste jeito, Dra? Perguntou Matheus. Ao perceber que Julia estava em outra, seu ciúme desapareceu, e ficou bem, não tinha que desconfiar dela.
Isa ouviu a conversa dos dois e por dentro sentiu raiva novamente de Julia. Tinha voltado com aquela Hérica. Ontem mesmo estive disposta a beijá-la. Ainda bem que não o fiz, porque agora sim eu me arrependeria. Essa mulher merece sofrer nas mãos daquela víbora, as duas se merecem.
- Eu não confio nela, Matheus. Percebi que está tentando mudar, mas eu não acredito, apesar de estar sendo sincera comigo, e mesmo a sinceridade dela, me angustia. Eu sempre escolho a pessoa errada para gostar.
- Você escolhe porque gosta deste tipo de gente, é a lei da atração. Isa falou sem tirar os olhos do livro.
- Está dizendo que eu não presto, Isabel?
- Eu não disse nada, quem está dizendo é você. Eu não te conheço, e o que eu já conheci... bom deixa para lá.
Julia se virou para Isabel e olhou bem nos olhos dela e disse: - Isabel, pensei que tínhamos superado isto, mas pelo que vejo você não é melhor do que elas, deve ser por isto que eu... bom deixa pra lá.
- Meninas vocês estão em um hospital. Eu só quero entender o que se passa com vocês duas. Isabel você não disse que eram amigas? Seja como for, você tem que respeitar as escolhas dela, você não tem nada com isto.
- Está ouvindo Isabel, o Matheus está certo. Eu aceito o seu jeitinho, e deu um beijo na bochecha de Isa, que ficou vermelha na hora e sem palavras. Vou conversar com o médico que o atendeu.
- Matheus você não tinha que defendê-la. Ainda tive que ouvir que sou como as... é demais. Isa estava irritada com os dois.
- Se comportando assim fico sem entender. Eu nunca vi você deste jeito com ninguém, nem mesmo com aquela garota de nossa cidade, que era sua amiga e de repente você começou a odiá-la.
- Não me lembre desta pessoa Matheus. Foi a maior decepção de minha vida. Você coloca tanto sentimento em uma amizade e de repente você não é mais importante, e é esquecida como se nunca tivesse feito parte de sua vida.
- Meu amor venha aqui comigo, esquece o passado, já passou. Eu nunca vou te decepcionar. Posso te irritar às vezes, mas saiba que nasci para ser só seu nesta vida, sem você sou um homem incompleto.
- Para com isto, não sou toda essa perfeição que você acha que eu sou.
- Eu sei que não é, mas te amo mesmo assim. Eu perdoei o seu deslize.
..Será que ele sabe o que aconteceu com a Natália?!? Mas ele estava morando com os tios em outra cidade. Talvez por isto me fez lembrar dela agora.
Julia voltou com a alta de Matheus.
- Vamos embora. Vou levar vocês para casa.
Os três foram calados para a casa de Isabel.
- Chegamos!
Já passava das 2 da manhã. Matheus saiu do carro primeiro. Despediu-se de Julia e entrou. Isa ainda ficou no carro.
- Isabel preciso falar com você sobre o Matheus. Vou dar uma volta, daqui uns 15 minutos retornarei.
- Tá, eu te espero.
Vinte minutos depois Julia encostou o carro na frente da casa de Isabel, que já a esperava. Foi até o carro e a convidou para que entrasse.
- Vamos até o quarto da Mari, ela não está.
As duas entraram e Isa trancou a porta. Julia sentou em uma das camas que tinha no quarto.
- Isa senta. Eu não vou te agarrar... rss.
Isa se sentou na frente de Julia.
- O Matheus está mesmo doente, os resultados de alguns exames confirmaram minhas suspeitas, é o que eu imaginava. Ele está com um tumor. Vou interná-lo, e em alguns dias terá que ser submetido a uma cirurgia. Faz alguns anos que não atuo como oncologista, e acho melhor eu não cuidar dele. Vou passá-lo para um outro médico. Quis te dizer antes, para que você já esteja a par da situação. Vai ser muito complicado.
- Julia eu não estou acreditando nisto, o Matheus não pode estar com esta doença. Ele nunca fica doente.
- Ele está! E você vai ter que ser forte. Disse Julia olhando cair as primeiras lágrimas dos olhos de Isa.
Isabel chorava copiosamente. Julia não tendo o que dizer, se levantou, sentou-se ao lado dela e, envolveu-a em seu abraço. Acabou
chorando junto com Isabel. Mal conhecia o rapaz, mas estava triste por ele.
Depois de uns minutos Isa foi se acalmando, mas a proteção que sentia nos braços de Julia a deixou perturbada. Nunca sentiu essa sensação nos braços do noivo. E tentando dissipar o que sentia, se mexeu de um modo que Julia retirasse seu braço. E olhou para ela. Ao ver seus olhos ainda lacrimosos, ficou ainda mais perturbada.
Julia havia chorado também por Matheus? E tal constatação a fez admirar aquela mulher, que a levava da raiva ao carinho em segundos. E sem dizer nada, Isabel apenas entrelaçou sua mão na de Julia e deitou sua cabeça em seu ombro. Julia mesmo não entendendo o porque daquilo, não questionou e aproveitou aquele momento. Isabel era diferente de todas que havia passado em sua vida, queria poder tê-la assim para sempre.
- Julia não deixa o Matheus morrer!
Julia ouviu aquilo e sentiu um aperto enorme no coração.
- Isa eu não posso te prometer isto. Vou acompanhar todo o tratamento dele, mas pessoalmente não posso cuidar dele, não suportaria ver em seu olhar, que eu não consegui. Você pode contar comigo para qualquer coisa. Na minha clínica ele vai ser bem cuidado. Isso eu posso prometer. Além disso, só Deus sabe. Ele é um homem de Fé, vai vencer.
- Tá eu entendo, apenas porque senti sinceridade em suas palavras. Se fosse em outro momento talvez não acreditasse. Olhou para Julia e disse: desculpa aquilo que eu disse no hospital, fiquei com raiva. Não suportei saber que depois de tudo o que passamos no domingo, você tenha voltado a ficar com aquela mulher horrível, que te faz perder o juízo.
- Eu não sei o que acontece, quando estou ao seu lado, não consigo mentir, omitir, por mais, que não me agrade que você saiba, de coisas que faço. Não ligo para o que pensam de mim, não dou satisfação para ninguém desde que eu tinha 15 anos. Sempre fui independente demais, e coisas que eu sinto quando fico perto de você, é perturbador para mim, porque nos conhecemos a 4 dias apenas. E de repente entramos uma na vida da outra, tão profundamente e nem sabemos qual é a nossa cor favorita. Talvez nós já tenhamos nos encontrado em outra vida. Porque me sinto muito à vontade a seu lado, e não falo isto porque gosto de mulher, mas você é muito linda... é melhor que eu me cale, porque minha sinceridade pode chegar ao extremo... Não estou acostumada com isto. Acho que não vou poder ficar andando muito com você...rss.
- Pára sua boba! Eu também me sinto muito à vontade ao seu lado, quando você não me irrita. Não sei porque me importo tanto contigo, não sei de onde está vindo esse sentimento todo, por uma pessoa que mal conheço, e que me leva da raiva à admiração. Isso me perturba. Talvez tenha razão, devemos ter nos conhecido em outra vida e, com certeza fomos muito amigas, e agora voltamos a nos encontrar...
- Tudo é possível, mas agora tenho que ir embora, já está muito tarde. Vejo vocês pela manhã.
Saíram do quarto, cada uma com seu coração em paz, após dizerem tudo o que sentiam, o que foi bom para ambas.
Isa acompanhou Julia até a porta, se despediram. Isa ficou esperando-a entrar no carro e antes disso, gritou para a médica: - Minha cor favorita é verde. E Julia no mesmo tom respondeu: - e a minha é azul.
Sorriram mais uma vez, cúmplices. E Julia foi embora.
Continua...
Isa veio calada da casa de Vanessa. No caminho relembrava tudo o que tinha acontecido naquele quarto. Tentando entender a atitude de Julia. Para quem só queria me levar para cama, recusar um beijo que daria, sem ela ter que me chantagear, foi até uma atitude nobre da parte dela... não sei o que se passou comigo naquele momento, a circunstância pedia, então eu acho que não iria me arrepender, seria um beijo sem sentimento algum.
- Isa está tudo bem? Você está tão quieta.
- Está tudo bem. Estou a fim de sair um pouco?
- Então vamos.
Julia chegando em casa se trancou no quarto e ficou ali até à noite. Acordou disposta a esclarecer tudo com Hérica.
Quando chegou na sala encontrou Hérica vestida com o vestido que ela mais gostava, dando seu toque especial na mesa do jantar. Havia preparado um jantar inesquecível. Todos os seus sentidos ficaram inebriados com o perfume adocicado que dela exalava.
- Baby, você acordou bem na hora do jantar.
- Eu não estou com fome.
- Eu não posso acreditar que vai me deixar comer sozinha! Passei horas preparando nosso jantar. Sei que você quer respostas e darei se você jantar comigo...
- Nada é de graça com você. Tudo bem, eu janto.
- Baby, você não vai jantar assim de qualquer jeito, nosso jantar é especial, vamos comemorar minha volta.
- Eu não tenho nada o que comemorar, disse indo para o seu quarto. Trocar de roupa.
Matheus e Isabel foram conversando até a praia. Sentaram-se em um banco. A noite estava linda, a Lua cheia banhava o mar, as estrelas brilhavam e o vento soprava calmamente agradando a todos, que estavam nas ruas. As lojas já estavam repletas de luzes e enfeites de Natal.
- Matheus, só agora vendo os enfeites é que estou me dando conta que o Natal está chegando.
- Está sim, meu anjo. A nossa cidade está linda, o prefeito mandou fazer uma árvore de 5 metros. Todos os moradores tiveram que ajudar a montar. O seu pai era o mais animado, quando terminou não acreditamos que fizemos aquela imensa árvore. Você precisa ver. E na noite que foi acesa, teve festa, fogos de artifícios. Eu estava perto de seu pai, ele até chorou. Disse que nunca tinha visto uma árvore tão linda... Eu falei e aquelas que vimos na televisão? Ele disse que não era igual, era bonita, mas quando colocamos um pouco de nós por mais simples que fosse ficava especial. Sua mãe abraçou seu pai e os dois ficaram assim até o final da queima dos fogos.
Observei os dois e nos imaginei, depois de anos casados, você me abraçando com tanto carinho, como sua mãe abraçou seu pai. Eu fiquei emocionado. Olhei para os meus pais, bem distante um do outro, meu pai bebendo com os caras e minha mãe sozinha olhando os fogos. Fui até ela e a abracei. É só isto que ela precisa e meu pai... bom, deixa para lá.
- Meu pai sempre adorou o Natal. Às vezes acho que passa o ano inteiro esperando pelo Natal. Quando eu era criança, chegava uma época que todo o final da tarde, depois que voltava da roça ele sumia. Eu perguntava para minha mãe onde o pai estava, mas nunca me dizia. Um dia, fiquei escondida e descobri aonde ia e o que fazia. Ficava horas fazendo alguns brinquedos para minha irmã e para mim. Ele não tinha dinheiro para comprar brinquedos para nós, então fazia tudo de madeira. Daquele ano em diante, eu o amei ainda mais, e não mais reclamei dos meus brinquedos, porque eram feitos com tanto amor! Nunca falei para ele que eu sabia. Minha irmã nunca gostou de nada. Revelei que era ele que fazia, mas ela não se importou quando contei. Ele ficava triste, mas acho que minha alegria supria o descaso da minha irmã. E ele acabava ficando feliz porque ao menos uma de nós ele deixava feliz.
- Então, aqueles carrinhos que me dava, eram feitos por ele?
- Eram. Estou com saudades deles, logo que acabar as aulas vou para casa. Estou precisando do colinho de meus pais.
Matheus ficou pensativo olhando para o mar. Isa notou e sabia o que ele deveria estar pensando.
Pegou em sua mão e ele passou o outro braço por cima dos ombros dela trazendo-a para perto.
- Eu estou com medo, Isa.
- Eu não, porque não tem nada. Ela olhou no fundo de seus olhos e o beijou.
O Jantar de Julia e Hérica já estava quase acabando. Hérica estava irresistível. Talvez fosse o vinho, mas Julia estava a ponto de esquecer qualquer conversa e levar Hérica para a cama. Ela tinha o poder de excitá-la só com o olhar.
- Baby, quer mais vinho, perguntou.
- Quero.
- Vamos tomar o restante lá no meu quarto? Perguntou Hérica.
- Vamos beber aqui mesmo. Respondeu Julia.
Hérica chegou bem perto de seu ouvido e questionou: você tem certeza? Vamos, prometo me comportar, venha baby. Ela sabia que falar no ouvido de Julia a deixava cheia de desejo. Uma voz dizia para Julia não ir, mas é claro que ela não ouviu e foi de mãos dadas com Hérica até o quarto, que estava totalmente preparado para uma intensa noite de sexo. A cama estava forrada de pétalas de rosas brancas e vermelhas, velas aromáticas deixavam o quarto mais excitante. Julia sucumbiu aos seus desejos, esqueceu o sofrimento que passou por causa dessa mulher e se entregou a ela.
LUXÚRIA
Corpo perfeito
Abraço quente
Boca carnuda
Olhar intenso
Te desejo
Te sinto
Te abraço
Falo
Sussurro
Provoco
Excito
Conquisto
Chego devagar
Me aposso do seu corpo
Seu gosto
Te escalo
Pego
Domino
Me sacio, delicio
Beijo
Sugo
Mordo
Aperto
Toco
Quero mais
Refaço o caminho
Exploro o proibido
Invado o secreto
Tesão
Prazer
Luxúria
Terremoto
Vulcão
Erupção
Orgasmo
Delírio
Desconexão
Desespero
Desejo
Luz
Gosto
Toque
Calmaria
Descanso
No seu corpo me aqueço
Nos seus lábios me perco
Nos seus braços relaxo
E em seus seios adormeço
Por volta das 22 horas as duas ainda estavam na cama. Hérica estava mais experiente do que antes, e Julia também. O telefone tocou.
- Não atende, Baby deve ser a chata da Vanessa, querendo saber se eu já te comi... Diga que você está uma delicia! Foi bom eu ter dado um tempo, você está como nunca esteve.
- Eu andei praticando muito. Disse Julia sorrindo.
- Quer me deixar com ciúmes? Respondeu Hérica, beijando as coxas de Julia.
- Você nunca teve.
- Você sempre ficava mais excitante depois que me traia.
- Ficava... bom saber... rss. Alô.
- Oi, amiga. Disse Vanessa.
- Oi, Van
Hérica falou ao fundo, acho que vou ganhar a vida como vidente. É impressionante, acho que sinto o cheiro dessa aí.
- Julia eu não acredito! Você já dormiu com ela? Como pode depois de tudo... eu não sei quem é pior se ela ou você. Bom, definitivamente é você, ela é uma vadia mesmo, mas você?!? Pensei que tinha o mínimo de respeito por si mesma, mas não tem.
- Vanessa eu não tenho que ouvir isto, eu que sei da minha vida, se eu tenho respeito ou não é problema meu. Não tenho culpa se você tem uma vidinha perfeita. Cada um tem o que merece.
- Pelo que vejo, você merece tão pouco. Tem razão não tenho nada com sua vida, mas não venha chorar nos meus braços, quando ela te magoar novamente. Umas horas com ela, você muda tanto!
Desculpa por me preocupar contigo, mas é a última vez, Julia. Desligou o telefone.
- Eu falei para não atender, sua amiguinha não entende nossa relação... ela acha que eu só te faço sofrer.
- A Vanessa acha que eu sou uma idiota. Mas não sou. Bom, obrigada pela transa. Foi muito boa, mas estou indo para o meu quarto, já dei o que você queria. Que pena que você voltou tarde demais, ela colocou a mão no coração e disse, eu tive a certeza que não te amo mais, acabou Hérica. Meu coração não te deseja mais, seu corpo me atrai e muito, mas o amor que senti por você, nunca foi verdadeiro. Achei que fosse, mas não passou de uma paixão. E como paixão acaba, você se foi antes de ter virado amor, que pena! Dormi com tantas mulheres e você não é diferente de nenhuma. Sexo eu faço com qualquer uma. Boa noite.
- Julia eu não acredito no que estou ouvindo.
Julia respondeu já saindo do quarto. - Eu não me importo se não acredita. E outra coisa, não precisa me dizer, onde você esteve esse tempo todo. Porque não to interessada. Não vou dizer que foi um erro esta noite, porque não dispenso uma boa transa, mas não espere nada de mim. E vê se encontra outro lugar para ficar, porque eu não costumo abrigar vadias em minha casa.
- Julia, o que aconteceu com você?
- Comigo?!?.... falou e sorriu sarcasticamente. Olha no espelho, e verá o que aconteceu comigo. Me tornei uma cópia melhorada de você, baby... e saiu batendo a porta atrás dela.
Julia entrou no seu quarto e foi direto para o banho, queria tirar o cheiro de Hérica de seu corpo, mas estava feliz, porque descobriu que não sentia mais nada por ela. Tudo o que disse, foi pura verdade. Finalmente tinha se curado dessa doença que atendia pelo nome de HÉRICA.
Isa olhou para o relógio. Este marcava 23:33 da noite. Todos já estavam dormindo, e ela vagava pela casa sem sono. Tentou escrever uma poesia, mas nada saiu. Abriu a janela, ficou olhando o céu, que parecia estar mais estrelado, do que horas atrás. Se estendesse a mão, tinha certeza que poderia tocar o céu e sentir-se mais próxima de Deus. Ficou mais um pouco na janela, até o telefone tocar. Correu para atender pois não queria que todos acordassem.
- Alô. Disse Isa. Sentando-se no braço do sofá.
- Isabel, é você? Perguntou Julia.
- Sou eu, Julia é você?
- Bom eu acho, que ainda sou a Julia... rss.
- Que engraçadinha, rss. E como você está?
- Estou bem, apenas ligando para agradecer o que fez por mim. Eu não merecia, só queria uma noite contigo, e você sabia, não é?
- Desconfiava, porque me olhava de um jeito, que eu me sentia nua... vou confessar que passei 3 dias te odiando, com medo de perder o meu trabalho, depois de nossa discussão na escola. Em 3 dias, a senhorita me fez sentir de tudo, raiva, ódio, medo, confusão, e por último respeito! Naquele momento que não quis me beijar, eu te admirei.
Julia ficou quieta do outro lado da linha.
- Julia, você ainda está aí? Desculpa falei demais...
- Estou aqui, e não falou demais, falou o que sentiu. Hoje eu também disse o que sentia. Tenho mil defeitos, mas hoje senti que deveria ser decente com você e comigo. Obrigada!
Agora tá na hora da princesa ir dormir, senão amanhã ela vai acordar um dragão e vai acabar assustando os seus aluninhos... rss. Beijo Isa durma bem.
- Beijo, vou tentar não acordar um dragão... rsss. Boa noite.
Capítulo 11
Isa ao acordar lembra-se da história do dragão e ri! - Adorei falar com ela ontem à noite. Levantou-se e foi tomar banho.
Matheus e D. Fátima já estavam acordados, com o café pronto, quando Isa apareceu na cozinha.
- Bom dia, filha! Disse D. Fátima.
- Bom dia! Deu um beijo na cabeça de D. Fátima e outro beijo em Matheus. Estava bem feliz naquela manhã.
- Isa, vou sair com você, meus exames estão marcados para as 7 da manhã.
- Você dormiu bem, Matheus? Perguntou sua noiva.
- Dormi. Acordei certa hora achando que o telefone havia tocado, mas como não ouvi nada depois, conclui que deveria estar ouvindo demais.
- Ele tocou sim. Eu atendi. Respondeu Isa.
- Quem era? Perguntou D. Fátima passando manteiga no pão.
- Era a Julia.
- A Dra. Julia? O que ela queria meu amor?
- Essa dra é a mesma que você discutiu na escola, Isa?
Isabel ficou vermelha. Às vezes D. Fátima falava demais. Matheus não sabia que já nos conhecíamos. Julia mentiu e eu não desmenti. Olhou-me com desconfiança, pensando no porque mentimos para ele.
-É a mesma.
- Porque mentiram para mim? Agora estou entendendo a razão de sua hostilidade com a Julia, no sábado. Mas para que fazer isto? Isabel você está cansada de saber que não gosto destas coisas. E discutiram porque? Quis saber o noivo bem irritado, que parou de comer.
- Desculpa Isa, acho que falei demais, eu não sabia.
- Porque não nos entendemos a princípio. Mas agora já somos amigas.
- Não vai me falar. Tudo bem. Mas saiba que estou chateado. Eu já vou indo.
- Não íamos juntos? Falou Isa indo atrás de seu namorado.
- Não vamos mais.
- Que saco! Eu estava tão contente. Vou indo também, não quero chegar atrasada.
Julia já estava indo para a Clínica, quando Hérica a puxou e deu-lhe um beijo bem quente. Não recusou, mas também não sentiu nada.
- Julia eu não tenho para onde ir. Estou com problemas, sem grana. Tive que pagar uma indenização absurda para uma paciente. Cometi um erro, perdi minha licença para clinicar e não sei o que fazer da minha vida. Sei que não presto, mas estou precisando de sua ajuda.
- Pode ficar, mas não pense que vamos voltar. E não precisa ficar me seduzindo para ter comida e um teto para dormir.
- Tudo bem. Obrigada. Continua a mesma idiota de sempre, qualquer besteira que eu invente ela acredita. Eu sem grana?!?... Pensou.
A verdade era que estava fugindo de um bandido internacional. Ele quis mudar o rosto e a contratou, só que não saiu como solicitado. Antes que ele visse o resultado, ela pegou suas coisas e entrou no primeiro avião para o Brasil. Veio se refugiar na casa e nos braços de Julia, que sempre engolia suas mentiras. Era uma atriz nata.
“Se humilhando, porque alguém acostumada a mandar sempre, tratar as pessoas com arrogância, deve ter sido difícil para ela pedir ajuda. Espero que mude”. Julia foi pensando enquanto seguia para a clínica.
Na escola, Isa não foi chamada na diretoria, então pôde relaxar, e dar início à sua aula tranqüilamente.
Julia, ao chegar em seu consultório recebeu apenas um “bom dia” seco de Vanessa, que estava arrumando o consultório do jeito que ela gostava.
- Vanessa podemos conversar?
- Agora você tem paciente para atender, na hora do almoço conversaremos. Precisa de alguma coisa? Porque já vou mandar o seu paciente entrar.
- Preciso que minha melhor amiga me desculpe!
Vanessa ouviu e saiu da sala sem responder nada. Estava muito chateada com Julia.
Enquanto isto, Matheus no ambulatório fazia seus exames. Estava se sentindo tão cansado. No meio da noite sentiu-se muito mal. A sudorese noturna estava se tornando freqüente, passava mais tempo trocando de roupa do que dormindo. A caminho da clínica, começou a pensar no porque reagira daquela forma. Conhecia Isabel, sabia que se ela não dissera nada, porque de fato, não era importante.
O celular de Isa tocou. Estava na sala dos professores, pois era hora do recreio. Saiu da sala e ficou no corredor.
Isabel atendeu. - Oi!
- Meu amor, não se esqueça nunca, que você é a pessoa mais importante do meu mundo. E isto jamais irá mudar em meu coração. Desculpa por ter sido um tolo. Você não disse nada porque não era importante. Conheceram-se em circunstâncias erradas, e o melhor foi ignorar este primeiro contato, que acredito não foi bom para nenhuma das duas. Se são amigas agora, eu fico feliz. Era isto, o que queria dizer, tenho que ir. Beijo.
Matheus desligou sem Isa dizer nada. Ficou encostada na parede lembrando das palavras de seu noivo. Às vezes tinha medo desse amor tão grande que ele sentia, e que não era correspondido na mesma proporção. Ficava triste, porque ele era um cara que qualquer uma gostaria de ter. Com o celular ainda nas mãos, mandou uma mensagem de texto para ele.
“Eu nunca vou esquecer você. Porque está sempre comigo”.
Matheus leu a mensagem e ficou feliz. Já estava na hora de sua consulta com Julia.
- Bom dia Vanessa, você trabalha aqui também, é médica? Você tem uma família linda, adorei o Julio, ele é tão esperto para a idade dele.
- Eu sou a secretária da Julia. Você é muito gentil, minha família é tudo para mim, e o Julio é o meu presente de Deus, às vezes ele me surpreende com suas palavras. Tem horas que é mais sensato, que eu. E a Isabel está bem?
- Está. Porque?
- É que a Hérica falou coisas desagradáveis para ela.
- Não sei quem é esta Hérica, mas se ela ofendeu a Isa, com certeza, não deve ter ficado sem resposta.
- Você não está sabendo. Eu e minha boca enorme. Desculpa falei demais.
- Já ouvi isto hoje, mas não quero me meter nesta história.
- Faz muito bem, eu vou fazer o mesmo. Disse Vanessa se sentando.
Julia levou seu paciente até a porta e viu Matheus conversando com Vanessa. - Oi, Matheus me dá uns 5 minutos. E chamou a amiga.
- Vanessa vai pegar todos os exames do Matheus que estejam prontos. Falou e entrou. Pegou o celular e ligou para sua casa.
- Alô! Quem é? Disse a faxineira.
- Sou eu Julia. Rita, esqueci que você ia limpar o meu ap hoje. A Hérica está em casa?
- Não está dra Julia. Alguém ligou para ela e ficaram conversando por um tempo. A conversa parecia estar bem animada, porque ria muito. Logo depois se arrumou, me deu algumas ordens e saiu.
Julia sentiu a raiva subir em sua cabeça. Aquela vadia, acha que vai me enganar, pois desta vez não vai. Devia estar rindo da idiota aqui.
Vanessa entrou com os exames de Matheus, e notou a cara irritada de Julia. Sabia muito bem o que significava aquilo, mas havia prometido a si mesma, que não se meteria mais na relação dela com aquela coisa. Quando estava saindo, Julia a abordou.
- Vanessa, desmarque todas as minhas consultas, porque estou indo embora. Pegou os exames de Matheus e colocou em sua bolsa.
- Não vai atender nem o Matheus?
- Está ficando surda! Eu disse que vou embora. Marque para outro dia a consulta dele. Mais alguma coisa, Vanessa?
- Não! Respondeu totalmente contrariada com a atitude da amiga.
- Matheus desculpe, surgiu um problema e não posso te atender. A Vanessa vai marcar para outro dia.
Antes que ele pudesse responder Julia, já tinha ido. Foi para o seu apartamento, mas no caminho resolveu não entrar. Ficou umas 3 horas dentro do carro, vigiando para ver que horas Hérica iria aparecer, se chegaria com alguém. Quando estava desistindo de esperar, a viu chegando de táxi, abarrotada de sacolas. Deixou todas com um funcionário do edifício, e caminhou até uma floricultura próxima dali. Entrou, ficou cerca de 15 minutos e quando saiu trazia nos braços algumas flores e rosas. Julia acabou ficando envergonhada por estar vigiando-a. Ela não havia feito nada de errado, apenas tinha ido fazer compras. Será que ela estava tentando mudar? Se estivesse, deveria dar mais um voto de confiança. É isto que iria fazer, apesar de tudo. Ter ficado com Hérica noite passada, só confirmou seus sentimentos. Não sentia quase nada, mas Hérica era ótima na cama. Deu mais um tempo e entrou.
Quando Isa chegou em casa Matheus estava dormindo e não quis acordá-lo. Dona Fátima tinha saído e Mari estava lavando roupa.
- Isa eu estou morta de tanto lavar roupa. Não sei porque deixo juntar tanto. O Matheus já acordou?
- Não!
- A tia Fátima disse que rolou um estresse entre vocês hoje de manhã. Ela ficou chateada, disse que falou demais.
- É que ontem à noite a Julia me ligou. Eu estava acordada e atendi. Matheus comentou que tinha pensado ter ouvido o telefone tocar. Confirmei que havia tocado de fato, e que era Julia. E D. Fátima perguntou se era a mesma com quem eu tinha discutido na escola. Afirmei que sim e Matheus quis saber da história. Disse que tinha mentido para ele, que eu já conhecia a Julia, mas depois me ligou e estamos bem de novo.
- E o que a Julia queria?
- Me agradecer. Ontem eu conheci uma Julia diferente. Não esperava aquela atitude dela, e isso me fez admirá-la. Ela não é a cretina que eu achei. Tenho certeza que seremos boas amigas. Eu sentia tanta raiva dela e no fundo ela não merecia. Confessou-me que só queria me levar para cama.
- E não quer mais? Perguntou Mari estendendo uma camiseta.
- NÃO! Ficamos amigas.
- Sinceramente, eu não acredito muito nisto.
- Eu acredito nela.
- Você nem a conhece. Eu te conheço e sei que você não sai confiando nas pessoas por uma coisa boa que faça. E ela fez muito para você não confiar nela.
- Ela fez sim, coisas que não gostei, mas eu também não deixei que se explicasse, a culpa maior acabou sendo minha. Então, nós duas erramos.
- Eu não vou confiar tanto assim, vou ficar de olho nela, porque você é meio cega, às vezes.
- Faça como quiser. Mari você vai passar o Natal em nossa cidade?
- Vou sim, mas acho que vou depois de você, com o Pedro, quero que ele conheça a minha família. Será que vão gostar dele?
- É claro que sim, ele é um cara muito legal.
- Essa semana temos que ir fazer compras de Natal.
- Vamos sim, Mari.
- Oi, meninas!
- Oi! Disseram as duas ao mesmo tempo, e riram.
- Matheus você está bem? Está tão pálido. O que a Julia falou de seus exames?
- A Julia não me atendeu, surgiu algum problema, e ela foi embora. A Vanessa marcou a minha consulta para sexta-feira.
Caminhou até ele e colocou a mão em sua testa. Ao sentir a temperatura, não teve dúvidas, estava queimando de febre. - Meu querido você está com febre, venha, vamos verificar isso.
Depois de alguns minutos, a confirmação veio. Estava com quase 39 graus de febre.
- Está muito alta disse Mari. A Dra. falou para você tomar alguma coisa, enquanto aguarda o dia de ser examinado por ela, se por acaso continuasse com febre?
- Você vai começar a implicar mesmo com ela. Matheus vou te dar umas gotas de dipirona, e se não passar eu ligo para ela.
Matheus estava concordando com qualquer coisa.
Hérica chegou e foi tomar um longo banho. Quando terminou encontrou Julia sentada na sala vendo tv.
- Baby, o que você está fazendo em casa? Não deveria estar na clínica!
- Deveria, mas estou aqui, falou olhando para a tv, não queria dar muita atenção a ela.
- Eu fui fazer umas comprinhas, desde quando não faz compra? Não tinha quase nada para comer.
Julia pensou “mais de três horas no mercado, é demais”.
- Depois fui comprar uns enfeites novos para enfeitarmos a árvore de Natal, que você ainda não armou. Vai voltar para a clínica?
Julia respondeu que Não!
- Então podemos passar a tarde montando a árvore.
- Hérica, você não disse que estava sem dinheiro?
- Estou, mas ainda tenho uma reserva. Parecia que Hérica sabia que estava sendo vigiada porque contou até do telefonema que recebeu. Era uma amiga de faculdade. Estava mesmo falando a verdade. Não tinha como ser mentira.
- Você já almoçou? Perguntou Julia.
- Não.
Às 19 horas Matheus piorou. Estava suando muito e a febre já o fazia delirar.
- Se sua amiguinha o tivesse atendido hoje de manhã ele poderia não estar assim, o que vamos fazer? É melhor levá-lo para o hospital. Vou ligar para o ponto de táxi.
- Vou trocar a roupa dele.
Meia hora depois os 4 já estavam no Pronto-Socorro. E para completar o desespero delas, estava lotado. Matheus foi atendido depois de 2 horas. A febre já passava dos 40°. O médico que o atendeu passou algumas injeções e uma sessão de soroterapia. Mal olhou na cara de Matheus e disse que era uma virose o que ele tinha.
Já na sala de medicação, com a veia devidamente puncionada, ele estava tranqüilamente recebendo a primeira seqüência soroterápica. Isa deixou Mari com ele um pouco e foi lá para fora. Dona Fátima já tinha ido embora. Encontrou Pedro sentado em um banco na área externa. O segurança não permitiu que ele entrasse.
- Oi, Pedro, ela o abraçou.
- Oi, a Mari me ligou, eu ainda estava no trabalho, e quando cheguei aqui, não me deixaram entrar. Como ele está?
- Não sei, está com muita febre, suando muito, passou o dia febril. Ele não demonstra mas sinto que anda sem ânimo, mesmo estando sempre com aquele sorriso encantador que lhe é próprio. Sinto aqui dentro, que ele não está bem. Julia disse que poderia estar com alguma coisa, e hoje ela não pode atendê-lo. A Mari não quis levá-lo para a Clínica, e viemos para cá.
Pedro você tem o telefone da casa do Carlos? Perguntou Isa, já pegando seu celular para marcar.
- Tenho sim.
- Valeu, Pedro, vou ligar para ela para pedir o número da Julia.
- Alô, disse Julio.
- Julio, é a tia Isa, sua mãe está em casa?
- Está, quer que eu a chame?
- Quero sim.
- Alô!
- Boa noite, Vanessa, é a Isabel. Desculpa estar ligando, é que o Matheus não está bem, eu o trouxe para o Pronto-Socorro. Queria saber se a Julia poderia atendê-lo amanhã, mesmo sabendo que você marcou a nova consulta para sexta-feira. É que ele não está nada bem mesmo.
- Não se preocupe, pode levá-lo cedo que ela o atenderá.
- Obrigada, Vanessa. Tenho que ir. Uma boa noite e desculpa por te amolar a esta hora.
- Até amanhã. Isa ficou com vergonha de pedir o telefone de Julia.
- Boa noite e, fez bem em ter me ligado. Até amanhã.
Depois de terem ficado juntas, continuaram conversando e Hérica resolveu falar sobre o seu sumiço.
- Baby, a dois anos atrás fui embora, porque me envolvi com o Dr. Arthur. Acabei ficando grávida. Como eu ia falar para você que estava tendo um caso com um homem, e ainda tinha ficado grávida? Neste período ele acabou recebendo uma proposta para ir para a Itália. Contei sobre a minha gravidez. Ficou radiante e pediu para que eu fosse com ele. Não vou mentir, eu estava gostando muito dele, e não pensei duas vezes. Vim aqui peguei minhas coisas e fui para a casa dele, e na noite seguinte já estávamos indo para a Itália. Você estava naquele congresso de medicina. E aproveitei para cair fora. (Será que colou esta estorinha?, pensou Hérica)
Julia ouviu tudo calada, chorava por dentro, não acreditando no que estava ouvindo. Traia-me com um homem, e onde está a criança? resolveu perguntar.
Ela ficou pensando, “digo a verdade ou minto?!?”.
- Eu perdi, com 6 meses de gestação.
Tinha tido uma filha de verdade, que deixou com o pai alegando que nunca poderia ser a mãe, que ela merecia ter. Sem apego e sem remorso, deixou a pequena Clara nos braços do pai e saiu sem olhar para trás.
Julia estava para explodir quando o telefone tocou.
- Alô, sua voz era de poucos amigos.
- Julia amanhã chegue mais cedo na clínica, porque marquei a consulta do Matheus para as 7 horas. A Isabel me ligou e disse que ele passou mal o dia todo e, agora à noite o levou para o hospital público.
- E porque ela não o levou para a clínica? Ela lembrou dos exames de Matheus que tinha colocado em sua bolsa.
- Eu não sei, se você não tivesse saído para ir atrás da Hérica, e tivesse atendido ele... mas não me importo com o que faz de sua vida. Era só isto o que eu tinha que te falar. Boa noite.
Julia se levantou da cama deixando Hérica falando sozinha. Não queria mais saber de nada, estava irritada e saiu sem olhar para a cara dela. Foi para o seu quarto ver os exames de Matheus.
- Mãe porque você está brava com a minha madrinha?
- Eu não estou brava com ela, estou chateada.
- E ela tem culpa? Perguntou o menino.
- Não. Julio eu não sei o que seria de mim, sem você. Deu um beijo no filho. E ficou pensando que estava sendo uma completa idiota, foi até o computador e começou a digitar um e-mail para Julia.
“Não posso continuar de tratando mal, seu afilhado com uma palavra me fez sentir uma besta. Você não tem culpa por gostar da Hérica, e como sua amiga tenho que respeitar isto, não posso te proteger, mesmo sabendo que você pode sofrer. Quando precisar de sua amiga, ela vai estar sempre aqui”. Beijo e desculpa.
Julia ao ver o resultado confirmou suas suspeitas. Ficou chateada com o resultado, e decidiu ir para o hospital atrás deles. Tomou um banho rápido e saiu em seguida.
- Baby aonde você vai?
- Vou sair, tenho um encontro.
- Julia você disse que ia me dar outra chance!
- Eu estou dando, só não prometi ser fiel. Não me espere, porque não vou voltar.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo.
- Então comece a acreditar, porque aquela Julia que você conhecia, já não existe mais. Boa noite.
Quinze minutos depois estava no hospital. Encontrou Isa sentada numa cadeira ao lado da maca de Matheus, naquele corredor lotado. Ficou parada olhando aquelas pessoas espalhadas pelo corredor, uns dormindo, e entre eles Matheus, que ressonava serenamente. Isabel lia um livro e nem percebeu a chegada de Julia.
- Isabel! Disse Julia.
Antes mesmo de olhar, o coração de Isa acelerou de uma forma inexplicável. Quis pensar em alguma coisa, na tentativa de fazer seu corpo parar com aquilo. Já que não tinha o que fazer... olhou para Julia ali de pé a seu lado. E seus olhos se encontraram e não pode desviar o olhar daqueles olhos azuis penetrantes, que pareciam tristes.
- Oi.
- Oi.
Antes mesmo de conversarem, Matheus acordou e ficou surpreso com a presença de Julia e com o que viu. Achou estranho como as duas se olhavam. E sentiu ciúmes, porque nunca Isabel olhou daquela forma para ele.
Capítulo 12
- Matheus eu vim ver como você está.
- Tem certeza que veio me ver?
Julia o olhou assustada. Realmente foi para vê-lo, mas não podia deixar de notar a presença de Isa, que era linda. Será que olhou demais para ela, que ele acabou notando? Isa também me olhou não posso levar a culpa sozinha... pensou.
- Eu vim ver você, se eu tivesse lhe atendido hoje de manhã... vou ser sincera, fiquei 3 horas dentro do meu carro, vigiando uma pessoa que não vale a pena. Só perdi o meu tempo, porque ela não fez nada errado.
- Você é ciumenta deste jeito, Dra? Perguntou Matheus. Ao perceber que Julia estava em outra, seu ciúme desapareceu, e ficou bem, não tinha que desconfiar dela.
Isa ouviu a conversa dos dois e por dentro sentiu raiva novamente de Julia. Tinha voltado com aquela Hérica. Ontem mesmo estive disposta a beijá-la. Ainda bem que não o fiz, porque agora sim eu me arrependeria. Essa mulher merece sofrer nas mãos daquela víbora, as duas se merecem.
- Eu não confio nela, Matheus. Percebi que está tentando mudar, mas eu não acredito, apesar de estar sendo sincera comigo, e mesmo a sinceridade dela, me angustia. Eu sempre escolho a pessoa errada para gostar.
- Você escolhe porque gosta deste tipo de gente, é a lei da atração. Isa falou sem tirar os olhos do livro.
- Está dizendo que eu não presto, Isabel?
- Eu não disse nada, quem está dizendo é você. Eu não te conheço, e o que eu já conheci... bom deixa para lá.
Julia se virou para Isabel e olhou bem nos olhos dela e disse: - Isabel, pensei que tínhamos superado isto, mas pelo que vejo você não é melhor do que elas, deve ser por isto que eu... bom deixa pra lá.
- Meninas vocês estão em um hospital. Eu só quero entender o que se passa com vocês duas. Isabel você não disse que eram amigas? Seja como for, você tem que respeitar as escolhas dela, você não tem nada com isto.
- Está ouvindo Isabel, o Matheus está certo. Eu aceito o seu jeitinho, e deu um beijo na bochecha de Isa, que ficou vermelha na hora e sem palavras. Vou conversar com o médico que o atendeu.
- Matheus você não tinha que defendê-la. Ainda tive que ouvir que sou como as... é demais. Isa estava irritada com os dois.
- Se comportando assim fico sem entender. Eu nunca vi você deste jeito com ninguém, nem mesmo com aquela garota de nossa cidade, que era sua amiga e de repente você começou a odiá-la.
- Não me lembre desta pessoa Matheus. Foi a maior decepção de minha vida. Você coloca tanto sentimento em uma amizade e de repente você não é mais importante, e é esquecida como se nunca tivesse feito parte de sua vida.
- Meu amor venha aqui comigo, esquece o passado, já passou. Eu nunca vou te decepcionar. Posso te irritar às vezes, mas saiba que nasci para ser só seu nesta vida, sem você sou um homem incompleto.
- Para com isto, não sou toda essa perfeição que você acha que eu sou.
- Eu sei que não é, mas te amo mesmo assim. Eu perdoei o seu deslize.
..Será que ele sabe o que aconteceu com a Natália?!? Mas ele estava morando com os tios em outra cidade. Talvez por isto me fez lembrar dela agora.
Julia voltou com a alta de Matheus.
- Vamos embora. Vou levar vocês para casa.
Os três foram calados para a casa de Isabel.
- Chegamos!
Já passava das 2 da manhã. Matheus saiu do carro primeiro. Despediu-se de Julia e entrou. Isa ainda ficou no carro.
- Isabel preciso falar com você sobre o Matheus. Vou dar uma volta, daqui uns 15 minutos retornarei.
- Tá, eu te espero.
Vinte minutos depois Julia encostou o carro na frente da casa de Isabel, que já a esperava. Foi até o carro e a convidou para que entrasse.
- Vamos até o quarto da Mari, ela não está.
As duas entraram e Isa trancou a porta. Julia sentou em uma das camas que tinha no quarto.
- Isa senta. Eu não vou te agarrar... rss.
Isa se sentou na frente de Julia.
- O Matheus está mesmo doente, os resultados de alguns exames confirmaram minhas suspeitas, é o que eu imaginava. Ele está com um tumor. Vou interná-lo, e em alguns dias terá que ser submetido a uma cirurgia. Faz alguns anos que não atuo como oncologista, e acho melhor eu não cuidar dele. Vou passá-lo para um outro médico. Quis te dizer antes, para que você já esteja a par da situação. Vai ser muito complicado.
- Julia eu não estou acreditando nisto, o Matheus não pode estar com esta doença. Ele nunca fica doente.
- Ele está! E você vai ter que ser forte. Disse Julia olhando cair as primeiras lágrimas dos olhos de Isa.
Isabel chorava copiosamente. Julia não tendo o que dizer, se levantou, sentou-se ao lado dela e, envolveu-a em seu abraço. Acabou
chorando junto com Isabel. Mal conhecia o rapaz, mas estava triste por ele.
Depois de uns minutos Isa foi se acalmando, mas a proteção que sentia nos braços de Julia a deixou perturbada. Nunca sentiu essa sensação nos braços do noivo. E tentando dissipar o que sentia, se mexeu de um modo que Julia retirasse seu braço. E olhou para ela. Ao ver seus olhos ainda lacrimosos, ficou ainda mais perturbada.
Julia havia chorado também por Matheus? E tal constatação a fez admirar aquela mulher, que a levava da raiva ao carinho em segundos. E sem dizer nada, Isabel apenas entrelaçou sua mão na de Julia e deitou sua cabeça em seu ombro. Julia mesmo não entendendo o porque daquilo, não questionou e aproveitou aquele momento. Isabel era diferente de todas que havia passado em sua vida, queria poder tê-la assim para sempre.
- Julia não deixa o Matheus morrer!
Julia ouviu aquilo e sentiu um aperto enorme no coração.
- Isa eu não posso te prometer isto. Vou acompanhar todo o tratamento dele, mas pessoalmente não posso cuidar dele, não suportaria ver em seu olhar, que eu não consegui. Você pode contar comigo para qualquer coisa. Na minha clínica ele vai ser bem cuidado. Isso eu posso prometer. Além disso, só Deus sabe. Ele é um homem de Fé, vai vencer.
- Tá eu entendo, apenas porque senti sinceridade em suas palavras. Se fosse em outro momento talvez não acreditasse. Olhou para Julia e disse: desculpa aquilo que eu disse no hospital, fiquei com raiva. Não suportei saber que depois de tudo o que passamos no domingo, você tenha voltado a ficar com aquela mulher horrível, que te faz perder o juízo.
- Eu não sei o que acontece, quando estou ao seu lado, não consigo mentir, omitir, por mais, que não me agrade que você saiba, de coisas que faço. Não ligo para o que pensam de mim, não dou satisfação para ninguém desde que eu tinha 15 anos. Sempre fui independente demais, e coisas que eu sinto quando fico perto de você, é perturbador para mim, porque nos conhecemos a 4 dias apenas. E de repente entramos uma na vida da outra, tão profundamente e nem sabemos qual é a nossa cor favorita. Talvez nós já tenhamos nos encontrado em outra vida. Porque me sinto muito à vontade a seu lado, e não falo isto porque gosto de mulher, mas você é muito linda... é melhor que eu me cale, porque minha sinceridade pode chegar ao extremo... Não estou acostumada com isto. Acho que não vou poder ficar andando muito com você...rss.
- Pára sua boba! Eu também me sinto muito à vontade ao seu lado, quando você não me irrita. Não sei porque me importo tanto contigo, não sei de onde está vindo esse sentimento todo, por uma pessoa que mal conheço, e que me leva da raiva à admiração. Isso me perturba. Talvez tenha razão, devemos ter nos conhecido em outra vida e, com certeza fomos muito amigas, e agora voltamos a nos encontrar...
- Tudo é possível, mas agora tenho que ir embora, já está muito tarde. Vejo vocês pela manhã.
Saíram do quarto, cada uma com seu coração em paz, após dizerem tudo o que sentiam, o que foi bom para ambas.
Isa acompanhou Julia até a porta, se despediram. Isa ficou esperando-a entrar no carro e antes disso, gritou para a médica: - Minha cor favorita é verde. E Julia no mesmo tom respondeu: - e a minha é azul.
Sorriram mais uma vez, cúmplices. E Julia foi embora.
Continua...
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