Fic Traduzida - Salva-me - Cap 1
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Fic Traduzida - Salva-me - Cap 1
Salva-me
Título Original - Salvame
Valeria XG
valxegab@hotmail.com
Tradução de Fernanda
rennight@hotmail.com
"Suas doces mãos me envolve.
a sanidade me vigia.
Seus olhos claros, é o único remédio
para minha dor.
Só o seu amor poderá me Salvar
Salva-me..."
Primeira Parte
- Olá?
- Olá irmãzinha.
- Olá Franco, como está?
- Bem, recebeu meu e-mail?
- Mandou hoje, ainda não vi...
- Onde está?
- Na saída do metrô... na escada rolante.
- Quando chegar em casa lê o e-mail que te mandei.
- Ok. Beijos.
- Outros.
Uns olhos tão azuis olham para o fim da escada enquanto fecha o celular e o guarda na bolsa.
Sentia seu corpo cansado depois de horas caminhando.
Luciana Solda, uma jovem alta de vinte e cinco anos, boa moça morena de cabelos longos e pretos, caminha despreocupada pela avenida que a levará até sua casa. As pessoas que passam por ela ficam olhando-a, seu 1,80 de altura e sua beleza a faz parecer uma modelo. Ela os olha e da um sorrisinho de lado, como se desse importância aos comentários.
Ela tinha uma meta nesta tarde de dezembro... chegar em seu apartamento, encontrar Argo, sua cadela Boxer de seis meses, sua única amiga foi presente de aniversário de seus irmãos Damián e Franco.
Luciana, é a mais velha dos três, ela trabalha como voluntária em uma escola e fundação especializada em câncer, onde também estuda.
Há dois anos saiu da casa de seus pais e comprou um apartamento no bairro de Belgrano. Não é um edifício de grande categoria mas isso não importava, gostava de lá.
Damián tem vinte e três anos e está terminando o doutorado de História e Franco era o caçula, com dezoito anos e neste ano terminou o secundário e ainda não se decidiu o que ira estudar, vive com seus pais a uns três quilômetros.
- Boa tarde Juan - era o zelador do edifício levantou o olhar do montão de cartas e dedicou-lhe um sorriso.
- Boa tarde Senhorita.
Juan era um homem magro de estatura normal, deveria ter uns cinqüenta anos, moreno, cabelo crespo e incríveis olhos verdes, cheios de vida. Mas algumas semanas o brilho que o caracterizava estava apagado. O homem trabalhava e morava com sua família ali a dezessete anos, sua esposa tinha morrido dois anos antes que Luciana comprasse o apartamento. Tinha ficado só com sua filha.
Andrea, era uma jovem de vinte anos. Era loira e seu cabelo ia até a cintura, seus brilhantes olhos verdes herdados do pai, e seu rosto fazia-a parecer mais jovem. Andy, como todo mundo a chamava não era muito alta, tinha o corpo bem definido que a fazia parecer um anjo. Como dizia seu pai... que estava triste
- Juan, posso-lhe pedir um favor? - Luciana pegou as cartas que lhes eram oferecidas.
- Claro senhorita.
- Amanhã antes do meio dia vou receber uma encomenda, você poderia recebê-la? E a tarde eu pego contigo.
- Eu recebo, não se preocupe. Qualquer coisa se eu não estiver pegue com a Andrea.
- Bem, obrigado.
- De nada, até depois.
Luciana entrou no hall e observou sua imagem nos espelhos. Uma dúvida rondou sua cabeça, aquele olhar triste... voltou para onde estava o homem.
- Juan, desculpe se estou me intrometendo... mas está acontecendo alguma coisa - Olhos verdes a examinaram por um momento, podia ver que lágrimas se acumularam em seus olhos, mas não caíram.
- Não senhorita, estou bem... um pouco cansado. Está fazendo muito calor.
Era verdade, estava terminado o mês de dezembro e o calor parecia aumentar, além da umidade.
- Qualquer coisa...- Luciana não sabia porque lhe oferecia sua ajuda, mas algo andava mal na vida daquele homem, ela pressentia. Se precisar de alguma coisa, me avise.
- Obrigado. Se precisar eu te falo.
O elevador parou no quinto andar, pegou a chave e entrou. Acendeu a luz, deixou sua bolsa sobre a mesa e agachou-se para acariciar Argo.
- Hei, garota... como está crescendo. - a cadela começou a correr pela sala e a brincar ao seu redor. - Calma, calma assim você arranha minhas pernas. - um latido faz-lhe entender que tem fome.- Espera que eu tire esta roupa e vamos comer?
Tomou um banho rápido, e depois foi atacar a geladeira.
Ligou o computador, enquanto aquecia uns pedaços de pizza e colocou comida pra sua cachorra.
Digitou seu nome e a senha. Tem cinco mensagens sem ler, duas de Franco, uma de Jéssica, sua prima que vive no exterior, outro da clínica onde trabalha e estuda e o último de publicidade.
Abre primeiro o de seu irmão que tem arquivo anexo, na tela e aparece uma foto dela com uma mulher numa situação comprometedora num boliche gay.
- Raios... agora que faço?- A um ano assumiu sua sexualidade, mas era seu segredo, não queria que sua família se inteirasse, não queria discussões, mas parece que isto vai dar o que falar na família. O telefone toca e um nó forma-se na boca de seu estômago - Alô?
- Lucy, sou eu.- Franco
- Está ligando por causa do e-mail...
- É?- interrompe. Nossos pais sabem?.
- Não, por sorte fui eu que abri primeiro.- a jovem voz do rapaz consegue tranqüilizá-la.
- Fran, porque não vem jantar aqui e conversamos.
- Tá eu vou... mas deixa-me dizer-te que isso não me espanta, é minha irmã e te amo.
- Eu também te amo.
*****
- Andy?- Juan entra em sua casa e procura com os olhos sua filha Andrea?
- Estou no banho, pai disse com voz cansada.
- Filha está bem?- o pai bate na porta e entra, encontra-se com sua "pequena", sentada no chão pálida e suando.- Andy, o que você tem filha, olha como está.
- Sinto-me mal, pai...
- Vêem, vamos para a cama Juan pega ela nos braços e sente seu corpo amolecendo em seus braços. - vou chamar um médico, faz tempo que está assim... - ele ajuda ela tirar a roupa e vê várias manchas roxas em seu corpo.- está cheia de manchas , que aconteceu?
- Nada, pai... não lembro de ter batido. Dói-me tudo... devo estar ficando resfriada...- seus olhos verdes comumente cheio de vida pouco a pouco foi se apagando.
- Eu vou chamar o médico do quarto andar para que pelo menos te examine...
Juan sai de sua casa e dirige-se ao elevador, e ao abrir a porta do mesmo, Luciana sai dele e se encontra com o zelador bem nervoso.
- Boa noite Juan.
- Boa noite.
- Está acontecendo algo?- pergunta preocupada pelo nervosismo do homem.
- É Andy... está na cama com febre, está indisposta.. não sei o que tem...
- Acalme-se, espere que vou abrir a porta para meu irmão, e já conversamos.
- Faça-me um favor, senhorita eu estava indo procurar o doutor do quarto andar, você não poderia ficar um momento com ela?
- Claro, eu vou.
Luciana correu até a porta de entrada e abriu para seu irmão.
- Hei - cadê meu beijo.
- Oi louquinha.
- Fran, olha tenho que ficar um momento com a filha do zelador que está doente, seu pai foi chamar o médico. Toma minhas chaves e espera-me em casa que logo eu subo.
- Tudo bem, não tem problema...
Luciana entrou na pequena casa, a cozinha era confortável tinha uma cama de solteiro, um armário cheio de pequenos adornos, a geladeira e à esquerda uma cômoda com 2 gavetas com mais tranqueiras encima. Em suas costas tinha um relógio e a mesa com a televisão.
À direita ficava o quarto de Andrea, pequeno e em ordem, uma tv em cima de uma cômoda com 3 gavetas, a mesa com o computador, um pequeno relógio e a cama. O que mais lhe chamou a atenção era a quantidade de golfinhos que enfeitava o quarto, alguns eram de cerâmica, vidro, fotos, adesivos.
Entre os lençóis estava a pequena mulher. Seu cabelo estava úmido e grudado na cabeça. Luciana se aproximou da cama e tocou-lhe a testa, a temperatura era alta. Uns olhos verdes abriram-se pelo contato e deu de cara com uns celestes que a olhava . Ao princípio não a reconheceu, mas quando sua mente processou a informação, um sorriso se desenhou em seu rosto cansado e suado.
- Oi disse a morena tranqüilizou-a. -como se sente?
- Oi... estou mal... e meu pai?- se descobriu e a alta mulher pôde ver vários hematomas em seu braço.
- Foi chamar o médico e pediu-me que ficasse de olho em você até ele voltar... vou pegar alguma coisa para baixar sua febre.
Foi até a geladeira e pegou alguns cubos de gelo e colocou-os dentro de uma vasilha, e no caminho de volta para o quarto pegou uma toalha e alguns panos que encontrou sobre uma cadeira, provavelmente para passar ou guardar.
- Me deixa colocar isto em você. - retirou o lençol e notou que ela estava só com as roupas intimas, amarrou um pano com gelo picado em sua testa, e colocou outro embaixo dos braços. - Andrea, você está com os gânglios inchados, deve estar com uma grande infecção.
- Faz vários dias que estão assim... pensei que poderia ser gripe ou algo parecido.
- Eu acho que você precisa ir ao médico para que te examinem melhor. Pode ser perigoso.
A voz do zelador interrompeu-as, o doutor entrou trazendo sua maleta e a saudou com um gesto.
Luciana ficou apoiada no batente da porta enquanto o médico a examinava. Ela suspeitava que algo mais grave estava acontecendo com essa garota. Luciana trabalhava para uma Fundação/clínica que se especialista na área de oncologia. Onde estudava, mesmo estando no primeiro ano, pode deduzir mais ou menos o estado da jovem. Ela tinha visto muitos casos parecidos. Mas não podia ter certeza.
Juan se virou para ela e a olhou com lágrimas nos olhos.
Ela se aproximou dele e colocou sua mão no ombro e apertou suavemente.
O médico ficou um bom tempo examinando-a. Depois colocou de novo o gelo nos lugares correspondentes. E levantou-se.
- Olha Juan, eu a internaria para fazer alguns exames... parece algo sério. Pela quantidade de dias que ela me disse que está com os gânglios inchados, os hematomas no corpo. Não quero te preocupar mas acho que é sério. Por que amanhã não a leva para a clínica e a internamos para fazer uma bateria de enxames.
- Não posso doutor, não posso pagar... não tenho convênio.
- Então deve procurar um hospital público.
- Está bem. Obrigado.- Juan virou para Luciana e sorriu e agradeceu, por ficar com a filha.
- Não foi nada... se não precisa mais de mim... vou indo.
- Eu também já vou , e continua colocando o gelo até que ver que a febre baixou. Não lhe dê nada só água. Até que procure um hospital. Qualquer coisa me chame.
- Boa noite...
- Até amanhã.
A morena e o doutor subiram no elevador e se olharam.
- Leucemia ou algo parecido, não é? Encarou o médico olhando dentro de seus olhos ao fazer a pergunta.
- Acho que é, tem todos os sintomas.
- Imaginei. Estudo e trabalho na FUNDALEU... vejo muitos casos.
- O pior é que é um tratamento longo e caro... e em alguns casos é preciso fazer um transplante. Não sei se poderão salvá-la... não tem muitos recursos.
- Vai salvar-se, é uma menina forte... sei que vai ficar bem...quanto ao dinheiro não se preocupe... vão conseguir.
- Deus a escute.
*****
Luciana procurou as chaves nos bolsos e lembrou-se que tinha dado a seu irmão. Tocou a campainha e Argo latiu.
- Que foi porque demorou tanto? - disse de supetão ao abriu a porta.
- A filha do zelador está doente, parece que é grave.
- Sério?- o rapaz tinha olhos azuis iguais aos de sua irmã procuravam respostas. - O Que ela tem? Já viu como ela é linda?
- Não sabem ainda mas o médico do quarto andar e eu, estamos quase certos que é Leucemia... tem todos os sintomas.
- Uuuuhhh, é complicado ? o rapaz foi até sua irmã que tinha sentado no sofá da sala e lhe ofereceu um copo de suco.
- Muito complicado. - sua mente voltou ao quarto da pequena, a forma em que se sentiu ao vê-la naquele estado e de como tinha reagido seu corpo ao sentir o contato com sua suave pele, nos lugares onde a tocava para colocar o gelo. Seu coração disparou e encolheu quando o médico quase confirmou suas suspeitas.
- Luciana... Lucyyyyy- a voz de seu irmão a tirou de seu pensamento.
- O... que?- Seu rosto corou.
- Hei, em que estava pensando que ficou vermelha?.
- Em nada, vamos jantar, estou com fome, e ainda temos uma conversa pendente.
Ambos se levantaram e foram até a mesa, já posta pelo rapaz.
*****
- Vamos filha... tem tomar isto..- Juan estava sentado na cama tentando que Andy tomasse um pouco de sopa, para ganhar forças... mas era impossível.
- Não quero meu estômago está revirando.
- Só um pouco mais...
- Andrea se afundou nas mantas e fechou os olhos. A febre estava tão alta que a deixou inconsciente.
- Andy... Andy?... Andrea fala comigo - o pai começou a sacudi-la mas não encontrou resposta.
Saiu correndo e foi para o elevador, parou no quinto andar e bateu na porta com a letra "A". Um rapaz moreno, alto e de olhos azuis abriu a porta e pegou na colera do animal que pretendia sair.
- Desculpe a hora, sua irmã está?.
- Sim vou chamá-la... Lu... está acontecendo alguma coisa?
- Juan... que foi?- A morena tinha escutado a voz nervosa do homem e em dois passos estava parada ao lado de seu irmão.
- É Andy... preciso de sua ajuda. Estou tentando acordá-la mas não acorda...
- Meu deus... vá procurar o médico, que vou para sua casa.- a morena calçou-se as sandálias e correu até o quarto- Fran vamos ter que deixar esta conversa para outro dia.
- Quer que eu faça alguma coisa?- a morena lhe deu uma cópia das chaves.
- Fecha ao sair.
Luciana desceu correndo as escadas e dirigiu-se para a portaria, o homem tinha deixado a porta aberta, entrou e encontrou a Andy, com os olhos fechados.
- Andrea?- Luciana sacudiu seu ombro mas não teve resposta- Vamos pequena... tem que reagir... - A morena procura desesperada algo para a fazer acordar, encontra sobre uma estante um frasco de perfume. Aproximou-o do nariz, e lentamente Andrea abriu os olhos e os focou nos de Luciana - Oi.
- Oi...
Juan entrou com o médico e examinou-a. O médico, levantou-se e pegou o telefone.
- Oi... Aqui é o doutor Traverso, preciso internar uma paciente que está a caminho... se presume Leucemia.
- Leucemia?- Juan se alarmou e seus olhos encheram-se de lágrimas.- mas...
- Juan, prepare os documentos e vista-a que eu os levo.- disse o médico.
- Vou com vocês, me dêem alguns minutos... vou pegar minhas coisas.- a garota saiu correndo pela porta.
*****
A clínica já estava a espera da nova paciente.
Algumas pessoas de branco deu-lhe as boas-vindas. Um grupo de médicos encarregaram-se de atendê-la. Eles sabiam que seriam duras semanas de enxames de sangue, plasma e algumas punções na medula óssea.
Luciana ofereceu sua ajuda e o resto das pessoas do edifício também. Ela se sentia "ligada" aquela pequena loirinha... um sentimento que queria reprimir, aflorava cada vez que a visitava na clínica.
Luciana estava na aula, quando tocou seu celular.
- Olá...
- Olá, sou eu Juan - a voz era triste e chorosa.
- Juan, que esta acontecendo.
- Confirmado... Leucemia.
- Meu deus .. sinto tanto...
- Não sei o que fazer.
- Acalme-se, escute, quando terminar a aula vou para a clínica. O médico falou com você?
- Sim, já me disse todos os tratamentos que terá que fazer. Vai ser muito duro...
- Sei... em algumas horas estarei ai.
Aquele mês de dezembro estava sendo terrível. O trabalho na clínica tinha aumentado em vez de diminuir,mesmo as aulas já terem terminado , o trabalho a mantinha horas que ela preferia passar com Andrea.
Luciana chegou na clínica, pegou o elevador que levaria para o 2º andar quando este parou, e abriu as portas para ela sair, a morena viu seu zelador falando com um par de médicos, provavelmente seriam os médicos da tarde.
Foi até o grupo e pôde reconhecer nele um de seus professores da fundação. Esperou que terminassem de dar as últimas notícias e quando se retirava decidiu falar com ele.
- Olá Juan... - o homem saudou à mulher- espere-me um segundo. - disse enquanto saía atrás do médico.
- Dr. Farías... - o médico se virou e observou-a.- Luciana Solda... estudo em FUNDALEU, e trabalho lá também.
O homem reconheceu-a e estendeu sua mão.
- Bem que seus olhos me pareceu conhecidos.- disse com um sorriso.- O que faz aqui?... Veio visitar algum familiar?.
- Uma amiga... justamente com o homem que falavam é seu pai.
- Ahhh, a paciente Andrea D´Anilo.
- Sim, Como ela está ?- O médico olhou-a nos olhos e negou com a cabeça.
- Muito mau... a doença já está avançada. Devemos agir rápido...
- Dr... eu estava pensando... será que não é possível transferi-la para à fundação... o pai dela não poderá pagar o tratamento. Você poderia tentar.
- Vou tentar... eu prometo.
- Obrigado - A morena sorriu de forma franca e estendeu a mão para seu professor.
Luciana se uniu ao pai de Andrea do lado de fora do quarto esperando a enfermeira sair.
- Falei com o médico, há uma possibilidade de transferi-la para a Fundação.- o homem que olhava para o chão, levantou os olhos verdes e olhou para Luciana.
- Mas... e o dinheiro...- disse preocupado.
- Com isso não se preocupe, eu vou ajudar...
- Não! não posso permitir...
- Juan... quero fazer.
A enfermeira saiu do quarto e consentiu quando lhe foi perguntado se podiam entrar.
- Entre você... eu estava com ela até agora a pouco - disse com um sorriso.
- Obrigado.
Luciana levantou-se e foi em direção a porta, abriu lentamente e uma luz branca iluminou o quarto.
Quando entrou viu aparelhos por todos lados e uma cama alta com barras nas laterais e o pequeno corpo de Andrea, a pequena mulher estava meio sentada, e olhava para a janela. Um lençol branco cobria sua nudez, em ambos os braços tinham conectados soros, por onde lhe forneciam os medicamentos, que não fazia muito efeito.
A mulher entrou e até Andy, virou a cabeça devagar e olhou para Luciana, um pequeno sorriso surgiu no rosto dela, olheiras profundas destacava ainda mais sua palidez. Andrea respirava por um tubo conectado em seu nariz, para receber oxigênio.
- Olá...- Luciana pegou a mão de Andy. - Como está hoje?
- Não sei - disse com voz rouca, acho que pior à voz doce e alegre que Luciana acostumava a escutar toda a vez que requeria os serviços do zelador e era atendida por Andrea - me sinto péssima..
- Vai ficar bem, Andy... vai ser difícil, mas vou estar ao seu lado para ajudar-te.
- Que vão fazer? - Perguntou.
- Falei com um médico que é meu professor da clínica onde eu estudo. E prometeu-me tentar conseguir uma vaga para você.- explicou.
- São especialistas nesta doença , não é?
- São muito bons...
- Luciana...- Andrea olhou para aqueles olhos azuis e perdeu-se neles.- Estou muito mal?.
- Não sei... - mentiu.
- Acho que não quer me falar - Luciana desviou o olhar ao ver-se pressionada, Andrea apertou a mão que ainda tinha enlaçada a sua e sussurrou: Vou morrer, eu sei?
O coração da morena sentiu uma tristeza enorme, sentou-se na cama e olhou para aquele rostinho que pareciam ser tão puro.
Milhares de sentimentos passaram por seu corpo, pegou as mãos da garota, observando as conexões em seus braços e os hematomas que aumentavam por causa da doença.
Lágrimas formaram-se nos olhos verdes e descem por suas bochechas, em segundos viu-se sendo abraçada , ela tentou retribuir mas o cansaço de seu corpo e as dores lhe impediram.
- Andrea, escuta-me... - a morena olhou às esmeraldas cansadas- prometo que não vai te acontecer nada... entendeu... tem que ser forte... tem que ser forte... eu vou te ajudar- voltou à abraçá-la.- juro por minha vida que vou te ajudar.
- Sinto tanto medo - e começou a chorar, as palavras mal saiam.
- Sihhh, descansa... descansa. - Luciana acomodou-a de novo na cama e permaneceu acariciando seus cabelos até que sua respiração ficou pesada e notou que ela tinha dormido.
Luciana depositou um beijo na testa da garota e saiu do quarto, Juan estava acompanhado de uma senhora baixa e loira, muito parecida com Andrea. Se aproximou e Juan apresentou-as.
- Srta. Luciana... ela é Ângela, a tia de Andrea...
- Muito prazer - esticou sua mão e voltou-se para o homem- ... Juan, pode dizer apenas Luciana ou Lucy.
- Está certo... como está Andrea?.
- Assustada... perguntou-me se ia morrer.
- Oh Deus - exclamou a mulher.
- Prometi-lhe que ajudaria a sair dessa.
- Obrigado Luciana... é importante para ela...perguntou por ti a manhã toda- informou o homem.
- Verdade? - estranhou.
- É sério...
Um calor rodeou a alma da morena, um sorriso aflorou em seus lábios e seus olhos brilharam.
A morena despediu-se e dirigiu-se rumo ao seu apartamento.
Já na garagem da clínica enquanto estacionava seu carro, um Corsa preto, desligou o carro e apoiou as mãos no volante e deixou sair toda a angústia que tinha em sua alma. As lágrimas escorriam amargas por seu rosto.
O seu celular interrompeu seus pensamentos. Atendeu, se acalmou quando escutou a voz de seu irmão.
- Olá, maninho- disse enquanto secava os olhos.
- Como está? - perguntou.
- Bem e você?
- Bem... Lu... recebi outra carta... mais fotos.
- Caralho!- exclamou a morena.
- Que quer fazer?- os irmãos tinham combinado de conversar no dia que Andrea foi internada e depois não voltaram a tocar no tema, cada um estava ocupados com suas coisas e nem lembraram das fotos.
- Vou para minha casa... espero-te.
- Ok, até daqui a pouco... Agora onde está?
- Na clínica, vim ver a Andrea.
- Como está ela?
- Mal, Franco... muito mau.
- Tu acha que...?- deixou a frase no ar.
- Vou fazer tudo o possível para evitar... prometi para ela
- Nos vemos daqui a pouco.
- Te amo.
- Eu mais.
*****
Luciana chegou em casa, Argo recebeu-a como sempre, aos saltos e ladrando, a morena se agachou e a abraçou. A cadela aproveitou a situação e começou a lambê-la. A alta mulher levantou-se foi para a cozinha e lhe deu comida e trocou a água. Argo se aproximou dela balançando o rabo depois de comer.
A água quente escorregava por seu corpo tirando a espuma de seu cabelo e percorrendo por seus ombros, seu pescoço seus seios, para depois se perder no estômago e continuando a descer por suas longas pernas até chegar ao chão.
Depois de aplicar o condicionador lava o resto do corpo e sai. Veste um jeans desbotado e regata preta, e fica descalça, gosta de sentir um friozinho no pé. Faz um frouxo rabo de cavalo e segue para a cozinha. Abre a geladeira e pega algumas verduras para a salada, pega uma bandeja com frango e em seguida começa a limpar e picar algumas verduras.
Arruma a mesa e aguarda a chegada de seu irmão, enquanto isso coloca o CD de Celine Dion no som. Pega uma taça de vinho tinto e vai para o sofá. Argo observa-a e começa a chorar, seus olhos encontram-se com os de Argo, a morena palmeia sua perna e com voz suave diz:
- Vêem... - a cachorra vai correndo balançando o rabinho e se senta em frente a sua dona. Luciana acaricia a cabeça de sua cachorra e relaxa. Argo pode sentir o ânimo da morena, levanta-se e põe a cabeça em sua perna , e chora. Luciana abre os olhos e olha para sua "pequena", as lágrimas começam a cair.- Deus - sussurra. Faz parar esses sentimentos.
Desde que Andrea foi internada, a cada dia que passava seu coração ia se encantando cada vez mais por essa "menina", e ao vê-la hoje na cama com todos aqueles aparelhos, coisa que não tinha ontem, seu coração se partiu em mil pedaços. Espero que a aceitem na fundação...
A campainha toca a tirando de seus pensamentos, olha ao seu lado e encontra-se com Argo, apoiada em sua perna e observando-a. Sorri e passa a mão pelas orelhas da cachorra.
- Obrigada Garota...
Levanta-se e pega as chaves e atende o interfone e ouve uma voz masculina.
A morena abre a porta e vira-se para olhar Argo.. ela está parada a uns passos dela e sua cara a faz rir... quer sair né. Pega a corrente faz-lhe um gesto com a cabeça.
- Após tudo também tem que ir no banheiro, não é?
Argo sai correndo pelo corredor e para diante da porta do elevador. Uns segundos depois sai correndo pelo longo corredor que a levaria para a rua. Agita-se e fica rodando em volta quando chega na porta, Lucy a prende a corrente na colera e abre a porta.
- Hei, calma, calma... -Franco agacha-se e acaricia à cadela, E em seguida olha a sua irmã... nota os olhos vermelhos e a angústia em sua voz quando o cumprimentou.
- Oi... - Franco abre os braços e a abraça.
- Não gosto de ver você assim... - Seus olhos se encontram - vamos dar uma volta.
Depois de que Argo faça suas necessidades e se confraternize com os cães na praça. Luciana decide voltar. Franco só a segue. Não conseguiu tirar nada dela... mas sabe que no refúgio de sua casa, a forte e reservada morena, cederá.
A mesa já estava posta e a salada ficou no centro, e o frango ao lado de uma garrafa de vinho que estava encarregada de umedecer e perfumar os sentidos de ambos.
Luciana trocou a música e se sentou ao lado de seu irmão caçula, pega um pouco de salada e leva a sua boca.
Franco observa-a e espera que a morena rompa o gelo.
E foi o que aconteceu...
- Não estou bem... é que hoje aconteceu algo.- se desculpou.
- É Andrea, não é?- perguntou o rapaz.
- Sim... está mal... encontrei-a cheia de cabos e tubos. - Franco pega a mão de sua irmã e aperta-a.- perguntou-me se ia morrer, Fran...
- Pelos deuses - exclamou.- mas não disse a verdade?
- Não sei... isso é o pior... estou estudando para ser médica e não sei...
- E aí disse o que para ela?- perguntou enquanto tomava um gole de seu vinho.
- Prometi-lhe que ia ajudá-la a sair dessa.
- Bom... acho que ela precisa de apoio.
- Amanhã me darão a resposta se poderá se tratar na fundação. - Franco a encarou - é que pedi para um professor tentar arrumar uma vaga para ela.
- é melhor rezar então. - Franco levantou-se da mesa e pegou da mochila um envelope. Passou para sua irmã e esperou ela ver- Agora temos que falar disso.
Lucy olhou as fotos e sorriu de lado. Ergueu a sobrancelha quando viu uma onde entrava na sua casa com outra mulher.
- Que quer saber Franco?... Acho que já é grandinho - disse sarcasticamente.
- Já... sim?.
- Sim, mas isto e levantou as fotos - já não existe... acabou.
- Então...?
- Então nada, ... deve ser ela - Lucy se levantou e trouxe uma nova garrafa de vinho.- Terminei com ela... disse que não queria ficar mais com ela, mas parece que ela não entendeu. A mãe ou pai viram-nas?.
- Não, mas quase... interceptei Bruno quando levava a correspondência para o papai.
- Acho que devo falar com ela.
-Eu vou continuar atento.- disse com um sorriso de lado igual de sua irmã.
- Obrigado.
- Lu... - o garoto ficou um pouco envergonhado- Quanto tempo faz que é?.
- Não sei... acho que desde sempre. Faz pouco tempo que assumi... depois que terminei com o Roberto e entrei na fundação. Ela estuda lá.- explicou.
- Ahhh, mais...
- Não se preocupe Franco, não se herda... é uma eleição de vida, não uma doença.
- Se liga Lu... só me custa acreditar que é assim ... é tão feminina.- disse num sussurro.
- Deverá ter cuidado...- Franco olhou-a não entendendo- Com sua namorada... é realmente bonita - disse séria, mas por dentro estava querendo rir ao ver a cara de seu irmão.
- Eiii, não falei sério?- "por que ainda é tão inocente", pensou a morena antes de ceder a sua vontade de rir.
- Tinha que ver a sua cara...- a morena se entregou ao riso.
- Nem ouse pensar nisso....- Franco começou a rir e alegrou-se que sua irmã também estava rindo.
*****
Duas semanas se passaram desde a última conversa com Franco, Luciana falou com Marina sua ex, e advertiu-lhe que a deixasse em paz, a mulher concordou, mas Luciana não acreditou muito.
Andrea por fim tinha sido transferida para à Fundação onde era atendida por especialistas em sua doença.
A doença tinha estacionado graças aos fornecimentos dos medicamento, mas isto não era suficiente, tinham descoberto que as células afetadas se adaptavam rapidamente aos medicamentos e isto tinha levado aos médicos a aplicar uma terapia mais agressiva.
Andrea receberia hoje a primeira das dez sessões de quimioterapia programada.
Luciana chegou ao centro às três da tarde, vindo de sua aula, cumprimentou cada pessoa que conhecia. Foi até a sala onde ficava seu armário e tirou a sua jaqueta e colocou seu jaleco branco.
Caminhou até o elevador e pressionou o número cinco uma vez.
Quando saiu deste virou para a esquerda e de novo até passar quatro portas de madeira escura. O número 523 fez brilhar suas pupilas e abriu a porta com cuidado.
A figura de Juan, parado em frente à janela, olhando através dela lhe impactou, o rosto do homem estava mostrando muito cansaço e a falta de sono se percebia pelas olheiras que circundava seu rosto.
- Oi... - disse num sussurro, o homem se assustou e virou-se para encará-la.
- Bom dia- ele deu a volta e chegou perto de Andrea que dormia por causa dos calmantes e estendeu a mão para a morena.- Obrigado por vir.
- é o mínimo que posso fazer.- Luciana se aproximou da cama e acariciou a bochecha de Andrea.- A que horas a levaram para a quimio?.
- Às cinco...- A morena consultou o relógio, faltava duas horas.
- Juan, tenho que fazer um par de coisas, retornarei mais tarde, qualquer coisa pode me procurar na recepção?.
- Sim, senhorita.
Luciana abaixou-se e beijou a testa suada da jovem, se aproximou de seu ouvido e sussurrou.
- Não se preocupe Andy, eu estarei a seu lado.- e em seguida voltou a beijá-la, desta vez na bochecha próximo dos lábios.
Luciana saiu rumo à sala dos médicos. Quando chegou bateu na porta branca. Uma enfermeira atendeu e olhou-a de cima a abaixo. A morena ergueu uma das sobrancelhas pela ousadia e disse com voz firme.
- Desejo falar com o Dr. Farías... por favor- a mulher de cabelos vermelhos e brilhante consentiu e fechou a porta em sua cara.- Vai ver quando eu for um deles, sua idiota...- alguns segundos o homem saiu pela mesma porta e encontrou com Luciana- Dr. Farías.
- Srta. Luciana...- o homem estendeu a mão que foi retribuído com o mesmo gesto.
Está precisando de alguma coisa?
- Desculpe se estou te incomodando, eu queria falar sobre a quimio que a paciente do quarto 523 vai fazer.
- Sim, daqui algumas horas vou prepará-la...
- Sei... é que eu queria pedir-lhe um favor...
- O homem a olhou atento - e disse: acho que sei o que quer.
- Sério? - perguntou surpreendida.
- Quer participar em seu tratamento... quer ajudá-la nas terapias... como dizer...- ficou pensando - ser sua enfermeira pessoal.
- É isso...
- Está bem, Luciana é uma ótima estudante e uma excelente pessoa... e se acha que pode com isso...
- Sim Doutor, ela é minha amiga e precisa... sei que uma enfermeira pessoal sai caro e eu... bom poderia fazer de graça. Moramos no mesmo edifício e quando Andrea sair poderei acompanhar seu estado mais de perto.
- Parece-me uma boa ideia... Bom se quer começar, poderá ajudar-me a prepará-la, assim vai se familiarizando com os aparelhos e ela não vai ficar tão aterrorizada.
Ambos caminharam pelo corredor e pegaram o elevador que os levaria até sala onde aplicavam a quimioterapia, geralmente eram pacientes do ambulatório que faziam ali, mas os que estavam internados eram levados em sua cama.
Assim que arrumaram um lugar para colocar Andrea e outro médico trouxe todo os medicamentos e os químicos necessários para começar a sessão, só faltava a paciente.
Luciana subiu acompanhando ao Dr. Farías, para buscar Andrea.
Quando entraram ao quarto a pequena mulher estava acordada e falava com seu pai. As cortinas estavam abertas para entrar o sol. Seus olhos verdes brilharam ao ver Luciana e um pequeno sorriso assomou em seus lábios partidos.
- Oi... - sussurrou. O médico sorriu ao ver o brilho quando apareceu a morena no campo visual de sua paciente.
- Olá princesinha... - disse o Dr.- Andrea sabe o que faremos?.
- Sim doutor... estou de acordo... só quero ficar boa.
- o médico pegou um pacotinho com uma agulha descartável para que pudesse receber remédios, fez sinal pra Luciana para que o ajudasse - Lucy, quero que encontre uma veia para inserir isto.
- Está bem. - Luciana pegou com cuidado o braço esquerdo da pequena e apalpou até encontrar o que procurava, inseriu a agulha e prendeu com fita crepe. - Pronto... Doeu?. - perguntou meio envergonhada.
- Não, nem senti... tens boas mãos.- a morena corou levemente e sorriu-lhe.
- Bom, Senhor D' Anilo... daqui a pouco virão pegá-la para fazer a quimioterapia, você poderá observar do lado de fora.
- Mas vai ficar sozinha? - perguntou.
- Não, Luciana ficará com ela o tempo todo. Foi designada sua enfermeira pessoal, sob minha responsabilidade, todas as dúvidas que tenham...- olhou para Andrea - podem perguntar a ela ou a mim. Alguma dúvida?
- Não, Doutor, muito obrigado - Juan estendeu a mão para o médico e uma lágrima escapou de seus olhos verdes - Obrigado por tudo o que estão fazendo por ela.
- É nosso trabalho... - Voltou-se para Andrea. - Bom princesa alguma pergunta?
- Bom eu queria saber... ouvi que a quimio... - Andrea além de cansada estava com medo, mas sabendo que Luciana estaria com ela ficou um pouco mais calma e o que queria perguntar era tão insignificante que se calou.- não importa...
- Sim importa... vou te explicar.. com o decorrer da terapia vai perder o cabelo, vai ficar muito pálida, vais ter náuseas e vômitos e vai amaldiçoar todo mundo, porque seu humor vai estar bem abalado... quer saber uma coisa?- Andrea olhou-o expectante.- nós os médicos estamos acostumados com isso, para mim, para seu pai e para Lucy, vai estar tão bonita como quando te conhecemos, sabe por que?
- Não... - disse , o médico se aproximou e pegou a mão de sua paciente.
- Porque dentro de muito pouco tempo vai estar recuperada, e tudo isso vai passar. O seu cabelo, vai voltar a crescer mais forte do que nunca. Entendeu?
- Sim... é que tenho medo... - admitiu.
- Sei, mas estamos aqui para ajudar-te.
A porta foi aberta por duas pessoas que vieram buscar Andrea à sala. Juan foi o primeiro a sair e esperar o elevador. Depois o médico e quando Luciana estava saindo Andrea a deteve pegando em sua mão.
- Luciana... quero te agradecer... não tinha que...
- Não... tinha sim que ... não sabe o quanto és importante - surpresa com as próprias palavras que saíam sem permissão de sua boca a morena de olhos azuis parou . Andrea apertou a sua mão e olhou-a nos olhos.
- Você também é importante para mim... - azul e verde se fundiram em milésimos de segundos e só se atreveram a se separar quando um dos enfermeiros perguntou se podiam ir.
- Vamos... - Andrea saiu do quarto junto à morena, que não a soltava em momento algum. O calor que irradiava da mão de Luciana lhe dava força suficiente para enfrentar o maior problema de sua curta vida.
Já estava escurecendo, Andrea está deitada e ao seu lado Luciana que pega em sua mão, olha-a e Sorri-lhe. Está recebendo a primeira sessão de quimio, os medicamento entram por sua veia e percorrem o corpo. É a primeira de muitas que virão.
A morena sabe que virão tempos difíceis, só espera que esse anjo que lhe segura a mão seja forte.
Andrea gira a cabeça para perder-se naquele oceano de águas calmas. Aperta a mão dela e lhe devolve o sorriso.
- Promete que nunca me deixará sozinha..- sussurra.
- Nunca vou te deixar sozinha... sempre estarei a seu lado.- afirma.
*****
Título Original - Salvame
Valeria XG
valxegab@hotmail.com
Tradução de Fernanda
rennight@hotmail.com
"Suas doces mãos me envolve.
a sanidade me vigia.
Seus olhos claros, é o único remédio
para minha dor.
Só o seu amor poderá me Salvar
Salva-me..."
Primeira Parte
- Olá?
- Olá irmãzinha.
- Olá Franco, como está?
- Bem, recebeu meu e-mail?
- Mandou hoje, ainda não vi...
- Onde está?
- Na saída do metrô... na escada rolante.
- Quando chegar em casa lê o e-mail que te mandei.
- Ok. Beijos.
- Outros.
Uns olhos tão azuis olham para o fim da escada enquanto fecha o celular e o guarda na bolsa.
Sentia seu corpo cansado depois de horas caminhando.
Luciana Solda, uma jovem alta de vinte e cinco anos, boa moça morena de cabelos longos e pretos, caminha despreocupada pela avenida que a levará até sua casa. As pessoas que passam por ela ficam olhando-a, seu 1,80 de altura e sua beleza a faz parecer uma modelo. Ela os olha e da um sorrisinho de lado, como se desse importância aos comentários.
Ela tinha uma meta nesta tarde de dezembro... chegar em seu apartamento, encontrar Argo, sua cadela Boxer de seis meses, sua única amiga foi presente de aniversário de seus irmãos Damián e Franco.
Luciana, é a mais velha dos três, ela trabalha como voluntária em uma escola e fundação especializada em câncer, onde também estuda.
Há dois anos saiu da casa de seus pais e comprou um apartamento no bairro de Belgrano. Não é um edifício de grande categoria mas isso não importava, gostava de lá.
Damián tem vinte e três anos e está terminando o doutorado de História e Franco era o caçula, com dezoito anos e neste ano terminou o secundário e ainda não se decidiu o que ira estudar, vive com seus pais a uns três quilômetros.
- Boa tarde Juan - era o zelador do edifício levantou o olhar do montão de cartas e dedicou-lhe um sorriso.
- Boa tarde Senhorita.
Juan era um homem magro de estatura normal, deveria ter uns cinqüenta anos, moreno, cabelo crespo e incríveis olhos verdes, cheios de vida. Mas algumas semanas o brilho que o caracterizava estava apagado. O homem trabalhava e morava com sua família ali a dezessete anos, sua esposa tinha morrido dois anos antes que Luciana comprasse o apartamento. Tinha ficado só com sua filha.
Andrea, era uma jovem de vinte anos. Era loira e seu cabelo ia até a cintura, seus brilhantes olhos verdes herdados do pai, e seu rosto fazia-a parecer mais jovem. Andy, como todo mundo a chamava não era muito alta, tinha o corpo bem definido que a fazia parecer um anjo. Como dizia seu pai... que estava triste
- Juan, posso-lhe pedir um favor? - Luciana pegou as cartas que lhes eram oferecidas.
- Claro senhorita.
- Amanhã antes do meio dia vou receber uma encomenda, você poderia recebê-la? E a tarde eu pego contigo.
- Eu recebo, não se preocupe. Qualquer coisa se eu não estiver pegue com a Andrea.
- Bem, obrigado.
- De nada, até depois.
Luciana entrou no hall e observou sua imagem nos espelhos. Uma dúvida rondou sua cabeça, aquele olhar triste... voltou para onde estava o homem.
- Juan, desculpe se estou me intrometendo... mas está acontecendo alguma coisa - Olhos verdes a examinaram por um momento, podia ver que lágrimas se acumularam em seus olhos, mas não caíram.
- Não senhorita, estou bem... um pouco cansado. Está fazendo muito calor.
Era verdade, estava terminado o mês de dezembro e o calor parecia aumentar, além da umidade.
- Qualquer coisa...- Luciana não sabia porque lhe oferecia sua ajuda, mas algo andava mal na vida daquele homem, ela pressentia. Se precisar de alguma coisa, me avise.
- Obrigado. Se precisar eu te falo.
O elevador parou no quinto andar, pegou a chave e entrou. Acendeu a luz, deixou sua bolsa sobre a mesa e agachou-se para acariciar Argo.
- Hei, garota... como está crescendo. - a cadela começou a correr pela sala e a brincar ao seu redor. - Calma, calma assim você arranha minhas pernas. - um latido faz-lhe entender que tem fome.- Espera que eu tire esta roupa e vamos comer?
Tomou um banho rápido, e depois foi atacar a geladeira.
Ligou o computador, enquanto aquecia uns pedaços de pizza e colocou comida pra sua cachorra.
Digitou seu nome e a senha. Tem cinco mensagens sem ler, duas de Franco, uma de Jéssica, sua prima que vive no exterior, outro da clínica onde trabalha e estuda e o último de publicidade.
Abre primeiro o de seu irmão que tem arquivo anexo, na tela e aparece uma foto dela com uma mulher numa situação comprometedora num boliche gay.
- Raios... agora que faço?- A um ano assumiu sua sexualidade, mas era seu segredo, não queria que sua família se inteirasse, não queria discussões, mas parece que isto vai dar o que falar na família. O telefone toca e um nó forma-se na boca de seu estômago - Alô?
- Lucy, sou eu.- Franco
- Está ligando por causa do e-mail...
- É?- interrompe. Nossos pais sabem?.
- Não, por sorte fui eu que abri primeiro.- a jovem voz do rapaz consegue tranqüilizá-la.
- Fran, porque não vem jantar aqui e conversamos.
- Tá eu vou... mas deixa-me dizer-te que isso não me espanta, é minha irmã e te amo.
- Eu também te amo.
*****
- Andy?- Juan entra em sua casa e procura com os olhos sua filha Andrea?
- Estou no banho, pai disse com voz cansada.
- Filha está bem?- o pai bate na porta e entra, encontra-se com sua "pequena", sentada no chão pálida e suando.- Andy, o que você tem filha, olha como está.
- Sinto-me mal, pai...
- Vêem, vamos para a cama Juan pega ela nos braços e sente seu corpo amolecendo em seus braços. - vou chamar um médico, faz tempo que está assim... - ele ajuda ela tirar a roupa e vê várias manchas roxas em seu corpo.- está cheia de manchas , que aconteceu?
- Nada, pai... não lembro de ter batido. Dói-me tudo... devo estar ficando resfriada...- seus olhos verdes comumente cheio de vida pouco a pouco foi se apagando.
- Eu vou chamar o médico do quarto andar para que pelo menos te examine...
Juan sai de sua casa e dirige-se ao elevador, e ao abrir a porta do mesmo, Luciana sai dele e se encontra com o zelador bem nervoso.
- Boa noite Juan.
- Boa noite.
- Está acontecendo algo?- pergunta preocupada pelo nervosismo do homem.
- É Andy... está na cama com febre, está indisposta.. não sei o que tem...
- Acalme-se, espere que vou abrir a porta para meu irmão, e já conversamos.
- Faça-me um favor, senhorita eu estava indo procurar o doutor do quarto andar, você não poderia ficar um momento com ela?
- Claro, eu vou.
Luciana correu até a porta de entrada e abriu para seu irmão.
- Hei - cadê meu beijo.
- Oi louquinha.
- Fran, olha tenho que ficar um momento com a filha do zelador que está doente, seu pai foi chamar o médico. Toma minhas chaves e espera-me em casa que logo eu subo.
- Tudo bem, não tem problema...
Luciana entrou na pequena casa, a cozinha era confortável tinha uma cama de solteiro, um armário cheio de pequenos adornos, a geladeira e à esquerda uma cômoda com 2 gavetas com mais tranqueiras encima. Em suas costas tinha um relógio e a mesa com a televisão.
À direita ficava o quarto de Andrea, pequeno e em ordem, uma tv em cima de uma cômoda com 3 gavetas, a mesa com o computador, um pequeno relógio e a cama. O que mais lhe chamou a atenção era a quantidade de golfinhos que enfeitava o quarto, alguns eram de cerâmica, vidro, fotos, adesivos.
Entre os lençóis estava a pequena mulher. Seu cabelo estava úmido e grudado na cabeça. Luciana se aproximou da cama e tocou-lhe a testa, a temperatura era alta. Uns olhos verdes abriram-se pelo contato e deu de cara com uns celestes que a olhava . Ao princípio não a reconheceu, mas quando sua mente processou a informação, um sorriso se desenhou em seu rosto cansado e suado.
- Oi disse a morena tranqüilizou-a. -como se sente?
- Oi... estou mal... e meu pai?- se descobriu e a alta mulher pôde ver vários hematomas em seu braço.
- Foi chamar o médico e pediu-me que ficasse de olho em você até ele voltar... vou pegar alguma coisa para baixar sua febre.
Foi até a geladeira e pegou alguns cubos de gelo e colocou-os dentro de uma vasilha, e no caminho de volta para o quarto pegou uma toalha e alguns panos que encontrou sobre uma cadeira, provavelmente para passar ou guardar.
- Me deixa colocar isto em você. - retirou o lençol e notou que ela estava só com as roupas intimas, amarrou um pano com gelo picado em sua testa, e colocou outro embaixo dos braços. - Andrea, você está com os gânglios inchados, deve estar com uma grande infecção.
- Faz vários dias que estão assim... pensei que poderia ser gripe ou algo parecido.
- Eu acho que você precisa ir ao médico para que te examinem melhor. Pode ser perigoso.
A voz do zelador interrompeu-as, o doutor entrou trazendo sua maleta e a saudou com um gesto.
Luciana ficou apoiada no batente da porta enquanto o médico a examinava. Ela suspeitava que algo mais grave estava acontecendo com essa garota. Luciana trabalhava para uma Fundação/clínica que se especialista na área de oncologia. Onde estudava, mesmo estando no primeiro ano, pode deduzir mais ou menos o estado da jovem. Ela tinha visto muitos casos parecidos. Mas não podia ter certeza.
Juan se virou para ela e a olhou com lágrimas nos olhos.
Ela se aproximou dele e colocou sua mão no ombro e apertou suavemente.
O médico ficou um bom tempo examinando-a. Depois colocou de novo o gelo nos lugares correspondentes. E levantou-se.
- Olha Juan, eu a internaria para fazer alguns exames... parece algo sério. Pela quantidade de dias que ela me disse que está com os gânglios inchados, os hematomas no corpo. Não quero te preocupar mas acho que é sério. Por que amanhã não a leva para a clínica e a internamos para fazer uma bateria de enxames.
- Não posso doutor, não posso pagar... não tenho convênio.
- Então deve procurar um hospital público.
- Está bem. Obrigado.- Juan virou para Luciana e sorriu e agradeceu, por ficar com a filha.
- Não foi nada... se não precisa mais de mim... vou indo.
- Eu também já vou , e continua colocando o gelo até que ver que a febre baixou. Não lhe dê nada só água. Até que procure um hospital. Qualquer coisa me chame.
- Boa noite...
- Até amanhã.
A morena e o doutor subiram no elevador e se olharam.
- Leucemia ou algo parecido, não é? Encarou o médico olhando dentro de seus olhos ao fazer a pergunta.
- Acho que é, tem todos os sintomas.
- Imaginei. Estudo e trabalho na FUNDALEU... vejo muitos casos.
- O pior é que é um tratamento longo e caro... e em alguns casos é preciso fazer um transplante. Não sei se poderão salvá-la... não tem muitos recursos.
- Vai salvar-se, é uma menina forte... sei que vai ficar bem...quanto ao dinheiro não se preocupe... vão conseguir.
- Deus a escute.
*****
Luciana procurou as chaves nos bolsos e lembrou-se que tinha dado a seu irmão. Tocou a campainha e Argo latiu.
- Que foi porque demorou tanto? - disse de supetão ao abriu a porta.
- A filha do zelador está doente, parece que é grave.
- Sério?- o rapaz tinha olhos azuis iguais aos de sua irmã procuravam respostas. - O Que ela tem? Já viu como ela é linda?
- Não sabem ainda mas o médico do quarto andar e eu, estamos quase certos que é Leucemia... tem todos os sintomas.
- Uuuuhhh, é complicado ? o rapaz foi até sua irmã que tinha sentado no sofá da sala e lhe ofereceu um copo de suco.
- Muito complicado. - sua mente voltou ao quarto da pequena, a forma em que se sentiu ao vê-la naquele estado e de como tinha reagido seu corpo ao sentir o contato com sua suave pele, nos lugares onde a tocava para colocar o gelo. Seu coração disparou e encolheu quando o médico quase confirmou suas suspeitas.
- Luciana... Lucyyyyy- a voz de seu irmão a tirou de seu pensamento.
- O... que?- Seu rosto corou.
- Hei, em que estava pensando que ficou vermelha?.
- Em nada, vamos jantar, estou com fome, e ainda temos uma conversa pendente.
Ambos se levantaram e foram até a mesa, já posta pelo rapaz.
*****
- Vamos filha... tem tomar isto..- Juan estava sentado na cama tentando que Andy tomasse um pouco de sopa, para ganhar forças... mas era impossível.
- Não quero meu estômago está revirando.
- Só um pouco mais...
- Andrea se afundou nas mantas e fechou os olhos. A febre estava tão alta que a deixou inconsciente.
- Andy... Andy?... Andrea fala comigo - o pai começou a sacudi-la mas não encontrou resposta.
Saiu correndo e foi para o elevador, parou no quinto andar e bateu na porta com a letra "A". Um rapaz moreno, alto e de olhos azuis abriu a porta e pegou na colera do animal que pretendia sair.
- Desculpe a hora, sua irmã está?.
- Sim vou chamá-la... Lu... está acontecendo alguma coisa?
- Juan... que foi?- A morena tinha escutado a voz nervosa do homem e em dois passos estava parada ao lado de seu irmão.
- É Andy... preciso de sua ajuda. Estou tentando acordá-la mas não acorda...
- Meu deus... vá procurar o médico, que vou para sua casa.- a morena calçou-se as sandálias e correu até o quarto- Fran vamos ter que deixar esta conversa para outro dia.
- Quer que eu faça alguma coisa?- a morena lhe deu uma cópia das chaves.
- Fecha ao sair.
Luciana desceu correndo as escadas e dirigiu-se para a portaria, o homem tinha deixado a porta aberta, entrou e encontrou a Andy, com os olhos fechados.
- Andrea?- Luciana sacudiu seu ombro mas não teve resposta- Vamos pequena... tem que reagir... - A morena procura desesperada algo para a fazer acordar, encontra sobre uma estante um frasco de perfume. Aproximou-o do nariz, e lentamente Andrea abriu os olhos e os focou nos de Luciana - Oi.
- Oi...
Juan entrou com o médico e examinou-a. O médico, levantou-se e pegou o telefone.
- Oi... Aqui é o doutor Traverso, preciso internar uma paciente que está a caminho... se presume Leucemia.
- Leucemia?- Juan se alarmou e seus olhos encheram-se de lágrimas.- mas...
- Juan, prepare os documentos e vista-a que eu os levo.- disse o médico.
- Vou com vocês, me dêem alguns minutos... vou pegar minhas coisas.- a garota saiu correndo pela porta.
*****
A clínica já estava a espera da nova paciente.
Algumas pessoas de branco deu-lhe as boas-vindas. Um grupo de médicos encarregaram-se de atendê-la. Eles sabiam que seriam duras semanas de enxames de sangue, plasma e algumas punções na medula óssea.
Luciana ofereceu sua ajuda e o resto das pessoas do edifício também. Ela se sentia "ligada" aquela pequena loirinha... um sentimento que queria reprimir, aflorava cada vez que a visitava na clínica.
Luciana estava na aula, quando tocou seu celular.
- Olá...
- Olá, sou eu Juan - a voz era triste e chorosa.
- Juan, que esta acontecendo.
- Confirmado... Leucemia.
- Meu deus .. sinto tanto...
- Não sei o que fazer.
- Acalme-se, escute, quando terminar a aula vou para a clínica. O médico falou com você?
- Sim, já me disse todos os tratamentos que terá que fazer. Vai ser muito duro...
- Sei... em algumas horas estarei ai.
Aquele mês de dezembro estava sendo terrível. O trabalho na clínica tinha aumentado em vez de diminuir,mesmo as aulas já terem terminado , o trabalho a mantinha horas que ela preferia passar com Andrea.
Luciana chegou na clínica, pegou o elevador que levaria para o 2º andar quando este parou, e abriu as portas para ela sair, a morena viu seu zelador falando com um par de médicos, provavelmente seriam os médicos da tarde.
Foi até o grupo e pôde reconhecer nele um de seus professores da fundação. Esperou que terminassem de dar as últimas notícias e quando se retirava decidiu falar com ele.
- Olá Juan... - o homem saudou à mulher- espere-me um segundo. - disse enquanto saía atrás do médico.
- Dr. Farías... - o médico se virou e observou-a.- Luciana Solda... estudo em FUNDALEU, e trabalho lá também.
O homem reconheceu-a e estendeu sua mão.
- Bem que seus olhos me pareceu conhecidos.- disse com um sorriso.- O que faz aqui?... Veio visitar algum familiar?.
- Uma amiga... justamente com o homem que falavam é seu pai.
- Ahhh, a paciente Andrea D´Anilo.
- Sim, Como ela está ?- O médico olhou-a nos olhos e negou com a cabeça.
- Muito mau... a doença já está avançada. Devemos agir rápido...
- Dr... eu estava pensando... será que não é possível transferi-la para à fundação... o pai dela não poderá pagar o tratamento. Você poderia tentar.
- Vou tentar... eu prometo.
- Obrigado - A morena sorriu de forma franca e estendeu a mão para seu professor.
Luciana se uniu ao pai de Andrea do lado de fora do quarto esperando a enfermeira sair.
- Falei com o médico, há uma possibilidade de transferi-la para a Fundação.- o homem que olhava para o chão, levantou os olhos verdes e olhou para Luciana.
- Mas... e o dinheiro...- disse preocupado.
- Com isso não se preocupe, eu vou ajudar...
- Não! não posso permitir...
- Juan... quero fazer.
A enfermeira saiu do quarto e consentiu quando lhe foi perguntado se podiam entrar.
- Entre você... eu estava com ela até agora a pouco - disse com um sorriso.
- Obrigado.
Luciana levantou-se e foi em direção a porta, abriu lentamente e uma luz branca iluminou o quarto.
Quando entrou viu aparelhos por todos lados e uma cama alta com barras nas laterais e o pequeno corpo de Andrea, a pequena mulher estava meio sentada, e olhava para a janela. Um lençol branco cobria sua nudez, em ambos os braços tinham conectados soros, por onde lhe forneciam os medicamentos, que não fazia muito efeito.
A mulher entrou e até Andy, virou a cabeça devagar e olhou para Luciana, um pequeno sorriso surgiu no rosto dela, olheiras profundas destacava ainda mais sua palidez. Andrea respirava por um tubo conectado em seu nariz, para receber oxigênio.
- Olá...- Luciana pegou a mão de Andy. - Como está hoje?
- Não sei - disse com voz rouca, acho que pior à voz doce e alegre que Luciana acostumava a escutar toda a vez que requeria os serviços do zelador e era atendida por Andrea - me sinto péssima..
- Vai ficar bem, Andy... vai ser difícil, mas vou estar ao seu lado para ajudar-te.
- Que vão fazer? - Perguntou.
- Falei com um médico que é meu professor da clínica onde eu estudo. E prometeu-me tentar conseguir uma vaga para você.- explicou.
- São especialistas nesta doença , não é?
- São muito bons...
- Luciana...- Andrea olhou para aqueles olhos azuis e perdeu-se neles.- Estou muito mal?.
- Não sei... - mentiu.
- Acho que não quer me falar - Luciana desviou o olhar ao ver-se pressionada, Andrea apertou a mão que ainda tinha enlaçada a sua e sussurrou: Vou morrer, eu sei?
O coração da morena sentiu uma tristeza enorme, sentou-se na cama e olhou para aquele rostinho que pareciam ser tão puro.
Milhares de sentimentos passaram por seu corpo, pegou as mãos da garota, observando as conexões em seus braços e os hematomas que aumentavam por causa da doença.
Lágrimas formaram-se nos olhos verdes e descem por suas bochechas, em segundos viu-se sendo abraçada , ela tentou retribuir mas o cansaço de seu corpo e as dores lhe impediram.
- Andrea, escuta-me... - a morena olhou às esmeraldas cansadas- prometo que não vai te acontecer nada... entendeu... tem que ser forte... tem que ser forte... eu vou te ajudar- voltou à abraçá-la.- juro por minha vida que vou te ajudar.
- Sinto tanto medo - e começou a chorar, as palavras mal saiam.
- Sihhh, descansa... descansa. - Luciana acomodou-a de novo na cama e permaneceu acariciando seus cabelos até que sua respiração ficou pesada e notou que ela tinha dormido.
Luciana depositou um beijo na testa da garota e saiu do quarto, Juan estava acompanhado de uma senhora baixa e loira, muito parecida com Andrea. Se aproximou e Juan apresentou-as.
- Srta. Luciana... ela é Ângela, a tia de Andrea...
- Muito prazer - esticou sua mão e voltou-se para o homem- ... Juan, pode dizer apenas Luciana ou Lucy.
- Está certo... como está Andrea?.
- Assustada... perguntou-me se ia morrer.
- Oh Deus - exclamou a mulher.
- Prometi-lhe que ajudaria a sair dessa.
- Obrigado Luciana... é importante para ela...perguntou por ti a manhã toda- informou o homem.
- Verdade? - estranhou.
- É sério...
Um calor rodeou a alma da morena, um sorriso aflorou em seus lábios e seus olhos brilharam.
A morena despediu-se e dirigiu-se rumo ao seu apartamento.
Já na garagem da clínica enquanto estacionava seu carro, um Corsa preto, desligou o carro e apoiou as mãos no volante e deixou sair toda a angústia que tinha em sua alma. As lágrimas escorriam amargas por seu rosto.
O seu celular interrompeu seus pensamentos. Atendeu, se acalmou quando escutou a voz de seu irmão.
- Olá, maninho- disse enquanto secava os olhos.
- Como está? - perguntou.
- Bem e você?
- Bem... Lu... recebi outra carta... mais fotos.
- Caralho!- exclamou a morena.
- Que quer fazer?- os irmãos tinham combinado de conversar no dia que Andrea foi internada e depois não voltaram a tocar no tema, cada um estava ocupados com suas coisas e nem lembraram das fotos.
- Vou para minha casa... espero-te.
- Ok, até daqui a pouco... Agora onde está?
- Na clínica, vim ver a Andrea.
- Como está ela?
- Mal, Franco... muito mau.
- Tu acha que...?- deixou a frase no ar.
- Vou fazer tudo o possível para evitar... prometi para ela
- Nos vemos daqui a pouco.
- Te amo.
- Eu mais.
*****
Luciana chegou em casa, Argo recebeu-a como sempre, aos saltos e ladrando, a morena se agachou e a abraçou. A cadela aproveitou a situação e começou a lambê-la. A alta mulher levantou-se foi para a cozinha e lhe deu comida e trocou a água. Argo se aproximou dela balançando o rabo depois de comer.
A água quente escorregava por seu corpo tirando a espuma de seu cabelo e percorrendo por seus ombros, seu pescoço seus seios, para depois se perder no estômago e continuando a descer por suas longas pernas até chegar ao chão.
Depois de aplicar o condicionador lava o resto do corpo e sai. Veste um jeans desbotado e regata preta, e fica descalça, gosta de sentir um friozinho no pé. Faz um frouxo rabo de cavalo e segue para a cozinha. Abre a geladeira e pega algumas verduras para a salada, pega uma bandeja com frango e em seguida começa a limpar e picar algumas verduras.
Arruma a mesa e aguarda a chegada de seu irmão, enquanto isso coloca o CD de Celine Dion no som. Pega uma taça de vinho tinto e vai para o sofá. Argo observa-a e começa a chorar, seus olhos encontram-se com os de Argo, a morena palmeia sua perna e com voz suave diz:
- Vêem... - a cachorra vai correndo balançando o rabinho e se senta em frente a sua dona. Luciana acaricia a cabeça de sua cachorra e relaxa. Argo pode sentir o ânimo da morena, levanta-se e põe a cabeça em sua perna , e chora. Luciana abre os olhos e olha para sua "pequena", as lágrimas começam a cair.- Deus - sussurra. Faz parar esses sentimentos.
Desde que Andrea foi internada, a cada dia que passava seu coração ia se encantando cada vez mais por essa "menina", e ao vê-la hoje na cama com todos aqueles aparelhos, coisa que não tinha ontem, seu coração se partiu em mil pedaços. Espero que a aceitem na fundação...
A campainha toca a tirando de seus pensamentos, olha ao seu lado e encontra-se com Argo, apoiada em sua perna e observando-a. Sorri e passa a mão pelas orelhas da cachorra.
- Obrigada Garota...
Levanta-se e pega as chaves e atende o interfone e ouve uma voz masculina.
A morena abre a porta e vira-se para olhar Argo.. ela está parada a uns passos dela e sua cara a faz rir... quer sair né. Pega a corrente faz-lhe um gesto com a cabeça.
- Após tudo também tem que ir no banheiro, não é?
Argo sai correndo pelo corredor e para diante da porta do elevador. Uns segundos depois sai correndo pelo longo corredor que a levaria para a rua. Agita-se e fica rodando em volta quando chega na porta, Lucy a prende a corrente na colera e abre a porta.
- Hei, calma, calma... -Franco agacha-se e acaricia à cadela, E em seguida olha a sua irmã... nota os olhos vermelhos e a angústia em sua voz quando o cumprimentou.
- Oi... - Franco abre os braços e a abraça.
- Não gosto de ver você assim... - Seus olhos se encontram - vamos dar uma volta.
Depois de que Argo faça suas necessidades e se confraternize com os cães na praça. Luciana decide voltar. Franco só a segue. Não conseguiu tirar nada dela... mas sabe que no refúgio de sua casa, a forte e reservada morena, cederá.
A mesa já estava posta e a salada ficou no centro, e o frango ao lado de uma garrafa de vinho que estava encarregada de umedecer e perfumar os sentidos de ambos.
Luciana trocou a música e se sentou ao lado de seu irmão caçula, pega um pouco de salada e leva a sua boca.
Franco observa-a e espera que a morena rompa o gelo.
E foi o que aconteceu...
- Não estou bem... é que hoje aconteceu algo.- se desculpou.
- É Andrea, não é?- perguntou o rapaz.
- Sim... está mal... encontrei-a cheia de cabos e tubos. - Franco pega a mão de sua irmã e aperta-a.- perguntou-me se ia morrer, Fran...
- Pelos deuses - exclamou.- mas não disse a verdade?
- Não sei... isso é o pior... estou estudando para ser médica e não sei...
- E aí disse o que para ela?- perguntou enquanto tomava um gole de seu vinho.
- Prometi-lhe que ia ajudá-la a sair dessa.
- Bom... acho que ela precisa de apoio.
- Amanhã me darão a resposta se poderá se tratar na fundação. - Franco a encarou - é que pedi para um professor tentar arrumar uma vaga para ela.
- é melhor rezar então. - Franco levantou-se da mesa e pegou da mochila um envelope. Passou para sua irmã e esperou ela ver- Agora temos que falar disso.
Lucy olhou as fotos e sorriu de lado. Ergueu a sobrancelha quando viu uma onde entrava na sua casa com outra mulher.
- Que quer saber Franco?... Acho que já é grandinho - disse sarcasticamente.
- Já... sim?.
- Sim, mas isto e levantou as fotos - já não existe... acabou.
- Então...?
- Então nada, ... deve ser ela - Lucy se levantou e trouxe uma nova garrafa de vinho.- Terminei com ela... disse que não queria ficar mais com ela, mas parece que ela não entendeu. A mãe ou pai viram-nas?.
- Não, mas quase... interceptei Bruno quando levava a correspondência para o papai.
- Acho que devo falar com ela.
-Eu vou continuar atento.- disse com um sorriso de lado igual de sua irmã.
- Obrigado.
- Lu... - o garoto ficou um pouco envergonhado- Quanto tempo faz que é?.
- Não sei... acho que desde sempre. Faz pouco tempo que assumi... depois que terminei com o Roberto e entrei na fundação. Ela estuda lá.- explicou.
- Ahhh, mais...
- Não se preocupe Franco, não se herda... é uma eleição de vida, não uma doença.
- Se liga Lu... só me custa acreditar que é assim ... é tão feminina.- disse num sussurro.
- Deverá ter cuidado...- Franco olhou-a não entendendo- Com sua namorada... é realmente bonita - disse séria, mas por dentro estava querendo rir ao ver a cara de seu irmão.
- Eiii, não falei sério?- "por que ainda é tão inocente", pensou a morena antes de ceder a sua vontade de rir.
- Tinha que ver a sua cara...- a morena se entregou ao riso.
- Nem ouse pensar nisso....- Franco começou a rir e alegrou-se que sua irmã também estava rindo.
*****
Duas semanas se passaram desde a última conversa com Franco, Luciana falou com Marina sua ex, e advertiu-lhe que a deixasse em paz, a mulher concordou, mas Luciana não acreditou muito.
Andrea por fim tinha sido transferida para à Fundação onde era atendida por especialistas em sua doença.
A doença tinha estacionado graças aos fornecimentos dos medicamento, mas isto não era suficiente, tinham descoberto que as células afetadas se adaptavam rapidamente aos medicamentos e isto tinha levado aos médicos a aplicar uma terapia mais agressiva.
Andrea receberia hoje a primeira das dez sessões de quimioterapia programada.
Luciana chegou ao centro às três da tarde, vindo de sua aula, cumprimentou cada pessoa que conhecia. Foi até a sala onde ficava seu armário e tirou a sua jaqueta e colocou seu jaleco branco.
Caminhou até o elevador e pressionou o número cinco uma vez.
Quando saiu deste virou para a esquerda e de novo até passar quatro portas de madeira escura. O número 523 fez brilhar suas pupilas e abriu a porta com cuidado.
A figura de Juan, parado em frente à janela, olhando através dela lhe impactou, o rosto do homem estava mostrando muito cansaço e a falta de sono se percebia pelas olheiras que circundava seu rosto.
- Oi... - disse num sussurro, o homem se assustou e virou-se para encará-la.
- Bom dia- ele deu a volta e chegou perto de Andrea que dormia por causa dos calmantes e estendeu a mão para a morena.- Obrigado por vir.
- é o mínimo que posso fazer.- Luciana se aproximou da cama e acariciou a bochecha de Andrea.- A que horas a levaram para a quimio?.
- Às cinco...- A morena consultou o relógio, faltava duas horas.
- Juan, tenho que fazer um par de coisas, retornarei mais tarde, qualquer coisa pode me procurar na recepção?.
- Sim, senhorita.
Luciana abaixou-se e beijou a testa suada da jovem, se aproximou de seu ouvido e sussurrou.
- Não se preocupe Andy, eu estarei a seu lado.- e em seguida voltou a beijá-la, desta vez na bochecha próximo dos lábios.
Luciana saiu rumo à sala dos médicos. Quando chegou bateu na porta branca. Uma enfermeira atendeu e olhou-a de cima a abaixo. A morena ergueu uma das sobrancelhas pela ousadia e disse com voz firme.
- Desejo falar com o Dr. Farías... por favor- a mulher de cabelos vermelhos e brilhante consentiu e fechou a porta em sua cara.- Vai ver quando eu for um deles, sua idiota...- alguns segundos o homem saiu pela mesma porta e encontrou com Luciana- Dr. Farías.
- Srta. Luciana...- o homem estendeu a mão que foi retribuído com o mesmo gesto.
Está precisando de alguma coisa?
- Desculpe se estou te incomodando, eu queria falar sobre a quimio que a paciente do quarto 523 vai fazer.
- Sim, daqui algumas horas vou prepará-la...
- Sei... é que eu queria pedir-lhe um favor...
- O homem a olhou atento - e disse: acho que sei o que quer.
- Sério? - perguntou surpreendida.
- Quer participar em seu tratamento... quer ajudá-la nas terapias... como dizer...- ficou pensando - ser sua enfermeira pessoal.
- É isso...
- Está bem, Luciana é uma ótima estudante e uma excelente pessoa... e se acha que pode com isso...
- Sim Doutor, ela é minha amiga e precisa... sei que uma enfermeira pessoal sai caro e eu... bom poderia fazer de graça. Moramos no mesmo edifício e quando Andrea sair poderei acompanhar seu estado mais de perto.
- Parece-me uma boa ideia... Bom se quer começar, poderá ajudar-me a prepará-la, assim vai se familiarizando com os aparelhos e ela não vai ficar tão aterrorizada.
Ambos caminharam pelo corredor e pegaram o elevador que os levaria até sala onde aplicavam a quimioterapia, geralmente eram pacientes do ambulatório que faziam ali, mas os que estavam internados eram levados em sua cama.
Assim que arrumaram um lugar para colocar Andrea e outro médico trouxe todo os medicamentos e os químicos necessários para começar a sessão, só faltava a paciente.
Luciana subiu acompanhando ao Dr. Farías, para buscar Andrea.
Quando entraram ao quarto a pequena mulher estava acordada e falava com seu pai. As cortinas estavam abertas para entrar o sol. Seus olhos verdes brilharam ao ver Luciana e um pequeno sorriso assomou em seus lábios partidos.
- Oi... - sussurrou. O médico sorriu ao ver o brilho quando apareceu a morena no campo visual de sua paciente.
- Olá princesinha... - disse o Dr.- Andrea sabe o que faremos?.
- Sim doutor... estou de acordo... só quero ficar boa.
- o médico pegou um pacotinho com uma agulha descartável para que pudesse receber remédios, fez sinal pra Luciana para que o ajudasse - Lucy, quero que encontre uma veia para inserir isto.
- Está bem. - Luciana pegou com cuidado o braço esquerdo da pequena e apalpou até encontrar o que procurava, inseriu a agulha e prendeu com fita crepe. - Pronto... Doeu?. - perguntou meio envergonhada.
- Não, nem senti... tens boas mãos.- a morena corou levemente e sorriu-lhe.
- Bom, Senhor D' Anilo... daqui a pouco virão pegá-la para fazer a quimioterapia, você poderá observar do lado de fora.
- Mas vai ficar sozinha? - perguntou.
- Não, Luciana ficará com ela o tempo todo. Foi designada sua enfermeira pessoal, sob minha responsabilidade, todas as dúvidas que tenham...- olhou para Andrea - podem perguntar a ela ou a mim. Alguma dúvida?
- Não, Doutor, muito obrigado - Juan estendeu a mão para o médico e uma lágrima escapou de seus olhos verdes - Obrigado por tudo o que estão fazendo por ela.
- É nosso trabalho... - Voltou-se para Andrea. - Bom princesa alguma pergunta?
- Bom eu queria saber... ouvi que a quimio... - Andrea além de cansada estava com medo, mas sabendo que Luciana estaria com ela ficou um pouco mais calma e o que queria perguntar era tão insignificante que se calou.- não importa...
- Sim importa... vou te explicar.. com o decorrer da terapia vai perder o cabelo, vai ficar muito pálida, vais ter náuseas e vômitos e vai amaldiçoar todo mundo, porque seu humor vai estar bem abalado... quer saber uma coisa?- Andrea olhou-o expectante.- nós os médicos estamos acostumados com isso, para mim, para seu pai e para Lucy, vai estar tão bonita como quando te conhecemos, sabe por que?
- Não... - disse , o médico se aproximou e pegou a mão de sua paciente.
- Porque dentro de muito pouco tempo vai estar recuperada, e tudo isso vai passar. O seu cabelo, vai voltar a crescer mais forte do que nunca. Entendeu?
- Sim... é que tenho medo... - admitiu.
- Sei, mas estamos aqui para ajudar-te.
A porta foi aberta por duas pessoas que vieram buscar Andrea à sala. Juan foi o primeiro a sair e esperar o elevador. Depois o médico e quando Luciana estava saindo Andrea a deteve pegando em sua mão.
- Luciana... quero te agradecer... não tinha que...
- Não... tinha sim que ... não sabe o quanto és importante - surpresa com as próprias palavras que saíam sem permissão de sua boca a morena de olhos azuis parou . Andrea apertou a sua mão e olhou-a nos olhos.
- Você também é importante para mim... - azul e verde se fundiram em milésimos de segundos e só se atreveram a se separar quando um dos enfermeiros perguntou se podiam ir.
- Vamos... - Andrea saiu do quarto junto à morena, que não a soltava em momento algum. O calor que irradiava da mão de Luciana lhe dava força suficiente para enfrentar o maior problema de sua curta vida.
Já estava escurecendo, Andrea está deitada e ao seu lado Luciana que pega em sua mão, olha-a e Sorri-lhe. Está recebendo a primeira sessão de quimio, os medicamento entram por sua veia e percorrem o corpo. É a primeira de muitas que virão.
A morena sabe que virão tempos difíceis, só espera que esse anjo que lhe segura a mão seja forte.
Andrea gira a cabeça para perder-se naquele oceano de águas calmas. Aperta a mão dela e lhe devolve o sorriso.
- Promete que nunca me deixará sozinha..- sussurra.
- Nunca vou te deixar sozinha... sempre estarei a seu lado.- afirma.
*****
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